Nadja Hartmann

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Opinião

Lideranças de Carazinho retomam mobilização contra a construção do presídio na BR-285

Prefeito Milton Schmitz anuncia “ações contundentes” das lideranças de Carazinho com o objetivo de impedir a obra; a primeira reunião está marcada para esta segunda-feira

Nadja Hartmann

Passo Fundo

A notícia divulgada nos últimos dias de que serão retomadas as obras na BR-285 no local onde seria construída a penitenciária feminina e que agora deverá abrigar um presídio masculino com 800 vagas já provocou reação no vizinho município de Carazinho. 

Lideranças políticas e empresariais, que inclusive em 2014 e 2021 promoveram atos de protesto em frente a área, estão se movimentando e dando início a uma nova mobilização com o objetivo de impedir a construção. O prefeito de Carazinho, Milton Schmitz diz que recebeu com tristeza e preocupação a notícia de retomada das obras. 

— Somos veementemente contra a construção deste presídio, especialmente agora com o anúncio de um presídio masculino com 800 vagas. Se já éramos contra um presídio feminino onde o risco é muito menor, agora nossa preocupação é redobrada — afirmou Schmitz, que nesta segunda-feira (31) estará reunido com lideranças na Associação Comercial e Industrial (ACIC) de Carazinho para definir os primeiros passos da mobilização.

Impasse

Segundo o prefeito, as entidades empresariais e as “forças vivas” da cidade irão realizar ações contundentes para reforçar o posicionamento contrário da cidade. 

— Sabemos que é necessário melhorias no sistema prisional, Carazinho é parceiro, mas não no nosso quintal, sendo que o presídio é ligado a Passo Fundo, e fica distante quase 40 quilômetros da Brigada Militar, da Polícia Civil e do Fórum daquela cidade.  

Aliás, a distância de Passo Fundo e a proximidade com Carazinho é uma das principais preocupações das lideranças carazinhenses que temem que o custo social, e especialmente, o risco seja arcado pelo município. 

Outro argumento é a questão ambiental, uma vez que a área fica próxima de uma das nascentes do Rio da Várzea, que abastece Carazinho. O impasse envolvendo os dois municípios se arrasta desde 2007, quando a prefeitura de Passo Fundo adquiriu a área que fica a poucos quilômetros da divisa com Carazinho. 

Desde essa época, as lideranças de Carazinho vem se mobilizando contra a construção, contando inclusive, com uma intervenção direta do deputado Márcio Biolchi (MDB) junto ao Governo do Estado... Até agora vinha dando certo...

Disputa política

A questão acabou se transformando também em uma disputa política, envolvendo o prefeito Milton Schmitz, que é do MDB e o seu principal adversário político nas últimas eleições municipais, o ex-vereador João Pedro Azevedo, que concorreu pelo PSDB, foi assessor parlamentar de Mateus Wesp na Assembleia e hoje ocupa um cargo na secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos. 

Inclusive o prefeito fez questão de lembrar que o projeto de construção do presídio é liderado por Wesp, “o ex-deputado que não se reelegeu”, alfinetou. Nas últimas eleições, Wesp fez 1.424 votos na cidade. 

Apesar de ter sido o terceiro candidato mais votado, ficou abaixo da expectativa diante da campanha feita pelo seu fiel escudeiro João Pedro, que deve voltar a concorrer a prefeito no ano que vem, como principal adversário do nome que será indicado pelo MDB para suceder Milton Schmitz.

Combustível

Ou seja, o anúncio da retomada das obras na BR-285 serviu de combustível para adiantar o acirramento da disputa eleitoral envolvendo os dois partidos em Carazinho e certamente servirá de munição para o MDB na campanha, ligando João Pedro à “obra maldita”...

Aliás, são grandes as chances de no ano que vem, o PSDB vir coligado ao PSD no município, em uma dobradinha com Gian Pedroso, que foi coordenador da campanha do deputado Luciano Azevedo nas últimas eleições.

Gian também concorreu à Assembleia pelo partido e foi o candidato a deputado estadual mais votado no município, com 5.568 votos. Já Luciano Azevedo ficou em 6º lugar entre os candidatos à Câmara dos Deputados, com 670 votos. A discrepância entre as duas votações fez Pedroso perder um pouco de prestígio junto ao deputado, já que indica que ele fez uma campanha solo, sem conseguir colar o nome de Luciano ao seu...

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