Familiares e amigos de Gustavo Ribas, o menino que morreu aos oito anos por pneumonia em 18 de junho, protestaram por justiça na tarde deste sábado (6), em Passo Fundo, no norte gaúcho. O local escolhido foi em frente ao Hospital Dia da Criança, instituição onde Gustavo foi internado e recebeu o diagnóstico de apendicite.
Segundo os pais, a morte foi resultado de erro no atendimento médico. A Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) de Passo Fundo abriu inquérito para investigar o caso, ainda em andamento.
Na manifestação, familiares seguraram cartazes como "Apendicite não é pneumonia — erro médico é inadmissível" e "Sua negligência matou meu priminho" enquanto Volnei Ribas e Luciane dos Santos, pai e mãe de Gustavo, relataram o que aconteceu desde a entrada na instituição, em 16 de junho, até a morte da criança.
— Eu estava com o diagnóstico do meu filho de apendicite e de repente vem aquela bomba da médica dizendo que iam ter que entubar o Gustavo porque ele tinha pneumonia. Eu me desesperei, acabou o meu mundo. Pedi para Deus que levasse a mim, não ele. Eu não sou médico, mas diagnosticar uma pessoa com apendicite e na verdade ele ter pneumonia? Não parece certo. Vão ter que responder por isso, não vai ficar impune. É para que não aconteça mais com o filho de ninguém — disse Volnei.
— Gustavo chegou caminhando no hospital e, entre 25 e 26 horas depois, saiu morto. Por isso quero dizer para quem tem filho: amem mais as suas crianças, abracem mais, beijem mais. Deem tempo, porque o tempo não volta. Meu filho não vai voltar — completou Luciane.
Questionada, a prefeitura de Passo Fundo, responsável pelo Hospital Dia da Criança, afirmou que aguarda a apuração dos fatos pela Polícia Civil e que "confia na atuação dos profissionais do Hospital Dia da Criança, que prestaram os primeiros atendimentos ao menor".
Relembre o caso
Conforme o boletim de ocorrência ao qual GZH Passo Fundo teve acesso, Gustavo começou a se queixar de dor e afirmar que não se sentia bem na tarde de 16 de junho. À noite, por volta das 23h, o pai, Volnei Ribas, levou o menino ao Hospital Dia da Criança, onde informou que ele apresentava sintomas como dor nas costelas, febre e vômito.
Ao chegar no hospital, a equipe médica plantonista avaliou Gustavo e fez exames de sangue e raio X. A partir dos resultados, uma médica apontou que o paciente tinha inflamação no apêndice e afirmou que a criança precisaria de cirurgia. O procedimento, contudo, só poderia ser realizado em outra instituição com estrutura para tal, mas nem o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) nem o Hospital de Clínicas (HC) tinham vagas naquele momento.
Conforme Ribas, durante a madrugada o menino deu sinais de piora e passou a reclamar com frequência de dores na região do tórax. O combinado era que Gustavo passaria por um ultrassom às 8h. Na troca do plantão, outra médica viu a criança e, vendo a dificuldade que ele tinha para respirar, afirmou que Gustavo deveria receber um broncodilatador em spray e oxigênio.
Pouco depois, outro médico foi até o paciente, examinou as costas do menino e teria discutido com os colegas que avaliaram Gustavo previamente. Minutos depois, a criança foi transferida via SUS para o HSVP. Lá, outros profissionais a examinaram e solicitaram a realização de uma tomografia.
Menos de uma hora depois, veio o resultado de pneumonia grave e que um dos pulmões de Gustavo estava totalmente comprometido e o outro quase totalmente. O quadro de inflamação no apêndice foi descartado através deste exame. Enquanto isso, porém, a situação de Gustavo piorava hora após hora, mesmo com medicação para doença. Pouco depois, o quadro do menino se agravou e ele morreu, aos oito anos de idade.