Passo Fundo produz cerca de 200 toneladas de lixo por dia e apenas 8% é reciclado. Os dados são da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que participou da programação da Semana Lixo Zero, que começou na segunda-feira (23). O evento acontece no Brasil na última semana do mês de outubro.
Nesta terça (24), empresas, entidades e comunidade puderam conhecer a realidade vivida pelas recicladoras que fazem parte de cooperativas do município: Cooperativa Amigos do Meio Ambiente (Coama), Cooperativa de Trabalho dos Recicladores de Santa Marta (Cootraempo) e Associação de Recicladores Parque Bela Vista (Recibela).
— O objetivo é conscientizar para que todos possam enxergar a realidade e quem está por trás desse trabalho, assim como os desafios que enfrentam com as atuais estruturas. Precisamos trabalhar políticas públicas para melhorar ainda mais o trabalho que hoje é desenvolvido pelas cooperativas —disse Manoela Cielo, bióloga e embaixadora da Semana do Lixo Zero em Passo Fundo.
Segundo ela, que trabalha na área há mais de 16 anos, houve pouca evolução na reciclagem de Passo Fundo nos últimos anos. A união de toda a sociedade seria crucial para a viabilidade da cadeia da reciclagem e economia circular.
— Acredito que a inovação e a união do público com o privado são essenciais para que as cooperativas tenham mais estrutura. Precisamos melhorar a logística reversa, a economia circular, para agregar valor ao trabalho desenvolvido pelas cooperativas — disse Manoela.
A presidente da Cootraempo, Mara de Lurdes Sampaio Lui, está na cooperativa há mais de cinco anos e esclarece que todos os tipos de resíduos secos são processados e encaminhados para o destino correto.
— Para o nosso trabalho diário, precisamos do apoio da cidade. Recebemos todos os tipos de resíduos secos, mas precisamos que as empresas nos olhem diferente, o papel branco de escritório, por exemplo, é importante, tem um valor mais agregado.
Segundo a presidente da Coama, Eva de Fátima Godois de Chaves, uma das dificuldades que as cooperativas enfrentam atualmente é a redução do valor de compra dos produtos e a baixa remuneração para as pessoas que trabalham no processamento dos materiais.
—Na época da pandemia, o valor era melhor, quando acabou a pandemia, baixou. O que acontece com as pessoas que vem trabalhar conosco é que o valor final de salário é muito baixo. Em muitos casos, eles recebem o pagamento e nem voltam no outro dia.
A Coama conta com nove pessoas trabalhando diariamente na separação dos resíduos. A presidente conta que o volume de material que chega na cooperativa é o mesmo da época da pandemia, porém agora com um valor mais baixo.
Com o objetivo de incrementar a renda das trabalhadoras, a Cootraempo iniciou a confecção de ecobags — sacolas ecológicas — através da reutilização de uniformes de empresas.
— Com o valor baixo da compra dos materiais de reciclagem, a venda das ecobags vai ajudar bastante as nossas família. Para isso, estamos precisando de doação de uniformes que as empresas não usam mais —explicou a presidente da cooperativa.