Câmeras de videomonitoramento flagraram um grupo de quatro pumas em uma propriedade no interior de Palmeira das Missões, no norte do RS, no último domingo (26). Os animais circulam, bebem água e correm juntos por volta das 6h50min, nas redondezas de um reservatório de água.
— Só vi porque fui ver pelas câmeras se tinha tido geada. Percebi que tinha um movimento, mas suspeitei que fossem capivaras ou veados, porque sempre vemos esses animais por lá. Levei um susto quando vi que eram quatro onças, e todas grandes — disse o agricultor Evandro Kerber Lautert.
O que mais surpreendeu Lautert foi a possibilidade de registro. Segundo ele, o mais comum é encontrar rastros desses animais — observá-los andando tranquilamente é coisa rara e, para muitos, até mito.
— Um ou outro diz que vê, mas ninguém acredita. É difícil registrar onça. Contei para um amigo que vi e ele pediu na hora que eu enviasse o vídeo para provar que elas existem na propriedade, porque ele também já tinha visto, mas ninguém acreditava quando contava — riu.
O espaço onde os pumas foram vistos fica distante da sede da propriedade, o que significa que é raro haver pessoas ou cachorros no local, por exemplo. Mesmo assim, o espaço é fechado e supervisionado por câmeras de videomonitoramento, por segurança e para coibir a caça.
Puma é nativo da região
A médica veterinária e professora de Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (UPF), Micheli Ataíde, confirmou que o animal é um puma, também conhecida como onça-parda e leão-baio.
A espécie é nativa da região, mas também pode ser vista em matas de todo o Brasil, especialmente nos biomas cerrado e pampa. O incomum, porém, é que esses animais circulem em bando, explicou Ataíde.
— Os pumas têm hábitos solitários, elas geralmente andam sozinhas, especialmente os machos. Por isso, uma hipótese é que esse grupo seja uma ou mais mães com seus filhotes.
Carnívora, a puma ou onça-parda não é tão vulnerável à extinção quanto a onça-pintada, por exemplo. Ainda assim, sua preservação é importante.
— É preocupante. Vemos esses animais muito mais agora porque a mata nativa está virando campo. Ver eles assim é sempre bonito e emociona. Mas não podemos esquecer que é essencial manter a mata nativa para que eles continuem existindo — pontuou Ataíde.