Seis jovens arquitetas e uma engenheira civil de Passo Fundo, no norte do Estado, são as responsáveis por um projeto social que já transformou a vida de sete famílias em apenas três anos. A equipe do projeto social Arquitetura Para Quem + Precisa é pequena em número, mas grande em realizações. As jovens profissionais reformam banheiros, cozinhas, fachadas e até casas inteiras de moradores em situação de vulnerabilidade social.
O financiamento vem de patrocínios, apoio de empresas do ramo, doações e ajuda de colegas e pessoas da comunidade que aceitam colocar a mão na massa junto com a equipe, que leva em torno de dois meses para concluir cada reforma.
A mais recente parceria foi firmada com a Faculdade Atitus, que irá fornecer apoio jurídico para que o projeto possa participar de editais, ampliando o número de assistidos.
Seu Luiz de casa nova
O mais recente contemplado pelo projeto é Luiz Antônio da Silva, 64 anos, morador da Vila Luíza. Há 18 anos, ele residia em uma casa que não recebia nenhum tipo de manutenção. O teto estava desabando, o chão corria o risco de cair e não tinha banheiro. Um amigo próximo que havia começado a reforma do banheiro descobriu o projeto, fazendo chegar a ajuda de que Luiz precisava.
Separado, ele vive sozinho e há 18 anos sofreu um acidente de trabalho em uma obra. Fraturou a coluna e ficou com os movimentos limitados. Há cerca de um ano, caiu e fraturou o quadril, que o forçou a andar de muletas.
Sem ser aposentado, era beneficiário, até março deste ano, de projetos sociais do governo federal. Há dois meses, começou a receber um benefício de um salário mínimo. Ele conta que a casa corria o risco de desabar.
— Minha casa nunca tinha sido arrumada, estava em condições precárias. Uma parte do telhado caiu e escorou em uma das paredes. Não tinha banheiro. Ela era de madeira e estava tomada de cupins. Nem tinha vontade de ficar em casa, convidar um amigo para vir aqui me visitar. Agora sinto vontade de ficar olhando para esse sonho que se realizou.
Casa pronta em um mês
A campanha para reformar a casa de Luiz começou em fevereiro, mas o trabalho só começou em abril. De acordo com a arquiteta Marina Bernardes, fundadora do projeto, o foco foi adequar questões de habitabilidade da moradia, tendo em vista que o telhado já estava todo comprometido, com risco de desabamento, bem como haviam frestas em todo o assoalho. A equipe trocou o telhado, reestruturou o layout interno da moradia para ter uma cozinha adequada com espaço de circulação e um dormitório confortável, considerando a questão de mobilidade do morador.
— Nosso projeto, normalmente, ajuda mães solo, que são as demandas mais frequentes. Mas desta vez, por vizinhos já estarem envolvidos na construção do banheiro, sabíamos que somar esforços poderia acelerar o processo de reforma que antes era impossível com apenas os vizinhos.
A obra custou R$ 8 mil, em uma arrecadação feita através de um brechó e ajuda de voluntários.
Arquitetura Para Quem + Precisa
O projeto começou em 2020 em Passo Fundo, com o objetivo de reformar ou construir banheiros para, principalmente, moradores de ocupações, onde em geral concentram-se as moradias mais precárias e famílias de baixa renda. A iniciativa busca minimizar os efeitos da desigualdade. A escolha do perfil é predominantemente de mulheres, mães solo, donas de casa (sem renda) ou moradoras de casas insalubres.
GZH Passo Fundo
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