Passo Fundo deve ter novamente a venda de gás natural veicular (GNV). A rede de postos Tradição pretende iniciar a comercialização do combustível até o final de 2023. O diretor comercial da rede, Matheus Brugnera, diz que aguarda a aprovação do projeto para o início das obras. A ideia é investir em outras fontes de energia para atender a população regional.
— A a ideia é que tenhamos na rede não só combustível, mas pontos de energia elétrica, para carregamento de carros elétricos. Nossa ideia é entregar para a população outros tipos de serviços.
Segundo Brugnera, a média de preço do metro cúbico do GNV está em R$ 6,47, enquanto o litro da gasolina chega a R$ 5,39.
Mesmo não sendo atrativo ao consumidor neste momento (na região custa cerca de R$ 1,40 a mais que a gasolina), tanto o GNV quanto a gasolina são commodities, ou seja, tem seus preços definidos pela oferta e procura, o que torna o mercado volátil, podendo voltar a ser vantajoso.
De acordo com o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado do Rio Grande do Sul (Sulpetro), atualmente Passo Fundo não tem postos que abastecem com GNV e o local mais próximo na região é Soledade (rede Nevoeiro), a 75 quilômetros de distância.
Oficina está desinstalando cerca de 15 kits por mês
Pela falta de um local que comercialize GNV, além do preço igual ou por vezes superior ao da gasolina, os motoristas estão desistindo de utilizar o combustível.
Conforme o proprietário de uma oficina homologada pelo Inmetro, Oilsom Carlos Tortelli, houve volume de vendas alto em 2007, quando iniciou a instalação dos kits. Eram instalados de 10 a 15 kits de GNV por mês. Agora seu trabalho inverteu, ele está desinstalando uma média de 15 kits a cada 30 dias.
Para o o empresário, o gás só é interessante se tiver com preço abaixo da gasolina, em razão dos custos para instalação dos equipamentos.
— Ele dá rendimento de 30% acima do litro da gasolina. Se o carro faz 10 quilômetros por litro com gasolina, faz 13 quilômetros com um metro cúbico de gás. Com preço menor, chegávamos a ter 50% de economia.
Rede optou por encerrar a comercialização de GNV
A responsável pela área de logística da Rede de Postos Charão, Marina Hörlle Ely, pontua que o único posto que vendia GNV na região, localizado na cidade de Casca, decidiu pelo encerramento das vendas do combustível no final de 2022
— Não havia procura que justificasse o custo da operação. Como houve baixa dos impostos da gasolina, os preços ficaram mais próximos, então não valeria tanto a pena o GNV.
O taxista, Omar Pasini, 70 anos, relata que após adquirir um veículo com GNV de fábrica em 2008, depois de cinco anos teve que trocar o cilindro e disse que o funcionamento ficou comprometido, além de avaliar que o sistema não era mais tão seguro.
— O carro não ficou bom com a troca e comecei a pensar no perigo que corria trafegando com gás. Pela questão da segurança e também pela manutenção, que precisa ser feita em oficina autorizada pelo Inmetro todos os anos, percebi que não valia mais a pena ter carro com GNV. De lá para cá, optei por carros a gasolina.
Motorista diz que GNV ainda compensa
Se por um lado há quem desista do GNV, por outro, ainda existem pessoas que acreditam ser vantajoso manter o sistema. Um deles é o empresário Jairo Roberto Moraes da Silva, 47 anos, de Serafina Correa. Ele usa gás natural em dois veículos e acredita que ainda é compensador.
— Minha camioneta faz de 20 a 22 quilômetros por metro cúbico, enquanto a gasolina faz 12 a 13 quilômetros por litro. Mesmo o GNV estando mais caro que a gasolina, ainda compensa. Como na região não tem mais comercialização nos postos, eu coloco gás quando vou para outras localidades.
Preço muda conforme a região
O economista Julcemar Zilli afirma que as comparações de preços de GNV e gasolina são influenciadas pela disponibilidade e acessibilidade do gás natural veicular em determinadas regiões. Em algumas pode ser mais difícil encontrar postos, o que pode afetar a demanda e a competitividade desse combustível em relação a gasolina.
Custos do GNV
Quem decide instalar o kit GNV precisa levar em conta uma série de custos, entre eles a instalação, que chega a R$ 5,5 mil em Passo Fundo, a vistoria anual do Inmetro (R$ 550) e o reteste do cilindo, feito a cada cinco anos (R$ 750). Se o motorista decidir retirar o kit, vai pagar até R$ 380 pela vistoria e R$ 800 pelo laudo do Detran. As informações foram repassadas pelo proprietário de uma das oficinas homologadas pelo Inmetro, Oilsom Carlos Tortelli.
GZH Passo Fundo
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