Entre 2022 e 2023, o número de drones agrícolas no país aumentou 266%, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O crescimento na frota mostra que o equipamento tem conquistado espaço nas lavouras brasileiras, em especial no norte gaúcho.
Em Passo Fundo, o estudante de agronomia Leonardo do Carmo, 20, empreende no segmento há pelo menos dois anos. Em janeiro de 2022 ele foi para São Paulo, onde fez cursos com a chinesa DJI, principal fornecedora de drones no mundo. Com a formação, além de aprender sobre a manutenção do equipamento, o jovem também se credenciou como instrutor para novos pilotos de drone.
Desde então, ele conta que ensinou cerca de 40 alunos a pilotar drones e, por consequência, cada um também adquiriu seu próprio equipamento para usar no campo.
— Um drone hoje pode atuar em dois setores: tanto na pulverização agrícola, que seria passar os defensivos, quanto na parte de espalhamento de sólidos, ou seja, na semeadura, passar o adubo e fertilidade do solo — explica o piloto Leonardo do Carmo.
Além disso, o drone oferece outras vantagens aos agricultores que buscam aumentar a produtividade. Logo após as chuvas, é possível colocar a aeronave sobre a lavoura para aplicar produtos, o que métodos tradicionais, que dependem de entrada na plantação e contato físico com o solo, não são capazes de fazer tão rapidamente.
Aumento da produtividade
O agrônomo e produtor rural, Bernardo Tissot, adotou o uso de drones há cerca de um ano, após um período acompanhando pesquisas e experimentos com a tecnologia. Questionado sobre qual o principal benefício, ele aponta justamente o uso nos momentos em que outras técnicas não poderiam ser empregadas.
— Poder fazer a aplicação no momento que eu quero, independente do clima, independente do tempo, independente de eu ter um excesso de umidade — argumenta Tissot.
Além de atuar pós-chuvas, os drones agrícolas também são capazes de voar durante a noite, o que otimiza o trabalho. E com um kit de três baterias, as aeronaves atuam constantemente: só param para trocar a fonte de alimentação.
Quem adota o drone na produção também consegue reduzir outro fator que causa dor de cabeça durante as safras: o amassamento das plantas. Para realizar ações na lavoura, tratores precisam entrar no local e, por consequência, acabam danificando a plantação. Isso não acontece com o drone que está voando.
— O produtor vai estar perdendo hoje uns quatro a cinco sacos por hectare só nessa questão de amassamento da cultura — frisa Carmo.
Um levantamento da empresa ADS Agridrones Solutions aponta que a perda por amassamento pode chegar a 7% por hectare, afetando a lucratividade no campo. Assim, a estimativa é de que o valor que se ganha pelo não amassamento possibilita pagar o investimento na aeronave em apenas um ano de uso da tecnologia.
Um exemplo é o milho, que quando chega a certa altura não permite a aplicação de produtos com tratores. Nesse caso, o drone é uma solução que permite seguir protegendo a lavoura de pragas.
Certificação dos pilotos
Além da tecnologia embarcada no drone, outro fator crucial é a formação dos pilotos para o trabalho no campo. Atualmente são exigidas duas certificações para a operação: uma do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e outra da Anac.
De acordo com a DJI Academy Brasil, principal escola de formação de pilotos, mais de 1,7 mil pessoas já estão certificadas para o trabalho no país. E, entre quem utiliza a aeronave na lavoura e acompanha o avanço da tecnologia, já é possível fazer previsões para o futuro:
— Com as melhores tecnologias fazendo com que a aplicação de drone otimize, não tenho dúvida, o drone ao longo do tempo vai substituir a aplicação tratorizada — finaliza Bernardo Tissot.