Com pelo menos quatro instituições de Ensino Superior, Passo Fundo vive um cenário que passou a ser cada vez mais frequente desde a pandemia: as imobiliárias registram queda nas locações de imóveis para estudantes no mês de janeiro, período conhecido pelo movimento intenso por causa da preparação para o início do ano letivo.
O perfil, que concentra jovens adultos de 18 a 20 anos vindos de outros municípios em busca de apartamentos de um ou dois dormitórios preferencialmente mobiliados nas áreas centrais, costumava ser um dos mais frequentes nas imobiliárias da cidade nessa época do ano. Mas, desde a pandemia, o mercado local registrou redução na procura desses imóveis.
Em uma imobiliária, até 2020 as locações de imóveis por estudantes nesta época do ano representavam em torno de 60% dos contratos fechados. Hoje, são cerca de 30%. Em janeiro de 2023, das 187 locações, 39 foram de estudantes, média que tende a se repetir neste ano, como afirmou o coordenador comercial de locações Antônio Bortolini.
— Em dezembro de 2023, um período em que a procura também aumenta quando alguns estudantes já começam a se mobilizar, dos 123 contratos fechados, 29% foram para estudantes. Ou seja, é um período que o mercado fica mais aquecido, mas a maior procura não é mais dos acadêmicos — disse.
A situação se repete em pelo menos 10 empresas do ramo, conforme a integrante das Imobiliárias Associadas, Moema Rosa de Souza. A corretora afirma que o mercado relaciona a redução ao fato de haver opções de estudo em cidades vizinhas e na popularização dos modelos de educação a distância.
— A procura tende a se intensificar nos próximos dias e a demanda maior se dá por estudantes dos cursos de saúde, que são presenciais. Mas, quem tem a possibilidade de fazer a graduação online, parece optar por esse modelo — pontuou.
A percepção de Moema segue uma tendência nacional. Conforme o Censo do Ensino Superior de 2022, realizado pelo Ministério da Educação, o número de ingressantes em cursos presenciais vem reduzindo desde 2014 em todo o Brasil. Em 2022, o país tinha mais de 3 milhões de estudantes em cursos EaD e 1,6 milhão presenciais. No RS, o número de ingressantes em graduações à distância aumentou 34,4%, mais que a média nacional, de 25%.
Locais mais procurados
Conforme os consultores imobiliários, os locais mais indicados e procurados pelos estudantes ficam na região central de Passo Fundo, em especial nas ruas secundárias à Avenida Brasil, como a Morom, Paissandú e Uruguai. O motivo: são vias de fácil mobilidade, ficam próximas a opções de lazer, comércio e serviços.
— A procura maior é por apartamentos de um ou dois dormitórios e de preferência mobiliados. Sempre indicamos essa região da cidade, até porque há muitos imóveis que atendem essas preferências nessas localidades, que são as mais indicadas para quem vem de fora — afirmou Bortolini.
Segundo ele, o preço médio nesses apartamentos mobiliados, com garagem, gira em torno de R$ 1,5 mil. Em casos de imóveis sem mobília, os valores flutuam entre R$ 900 e R$ 1,1 mil.
Mas também há quem prefira ficar nos bairros próximos à universidade. É o caso de Djenifer Klein, 19 anos, estudante de Agronomia. Ela se mudou para Passo Fundo no ano passado e optou por morar no bairro Leonardo Ilha, que fica próximo à Universidade de Passo Fundo (UPF).
— Morar na região central nunca foi uma opção pra mim. Tenho aula os três turnos envolvidos com a faculdade, com aulas e estágio, então morar perto facilita o deslocamento. Meu apartamento é imóvel e semi-mobiliado, e pago R$ 1,3 mil, basicamente o mesmo que muitos amigos pagam morando na região central — conta.