Há três anos, decretos de calamidade pública promoviam o fechamento do comércio e de serviços não essenciais como medida de combate à propagação do vírus da covid-19. Hoje, os aprendizados da época do auge do número de casos da doença seguem.
De acordo com as médicas infectologistas Lessandra Michelin, professora na Universidade de Caxias do Sul (UCS), e Giorgia Torresini, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospitalar do Círculo, os cuidados que, antes eram emergenciais, agora fazem parte da rotina da população.
Confira abaixo os cinco aprendizados que a pandemia de covid-19, que está controlada, mas ainda não encerrada, nos deixou, conforme as médicas infectologistas:
1- Reconhecimento da importância dos vírus respiratórios
De acordo com Lessandra, antigamente era comum que as pessoas pensassem que esses vírus causassem apenas uma gripezinha, um resfriadinho... Hoje em dia, já é possível entender que os sintomas podem se agravar.
2- Entender a importância das vacinas para todas as faixas etárias e manter o calendário vacinal em dia
As médicas destacam que vacinas seguras e eficazes foram capazes de fazer com que a normalidade voltasse à rotina das pessoas. Depois da covid-19, as pessoas aprenderam que vacinação não é só para as crianças, mas também faz parte do cuidado de adultos e idosos.
3- Lavar as mãos com água e sabão e higienização com álcool gel
Lessandra afirma que saber a importância de lavar as mãos na prevenção de doenças é essencial. Hoje, de acordo com a médica, já é de conhecimento público que lavar as mãos com frequência promove uma barreira contra as infecções. Giorgia destaca que é extremamente necessário manter o hábito de lavar as mãos, porque as mãos são o veículo de transmissão das doenças.
4- Utilizar máscara quando tiver sintomas respiratórios
Para evitar disseminar doenças como a covid-19 na comunidade, o uso da máscara é importante. De acordo com Lessandra Michelin, hoje, também é de conhecimento da população que a máscara é uma barreira importante contra a infecção e que ela pode ser usada em todas as situações em que a pessoa perceba algum sintoma respiratório.
5- Empatia com o próximo
Giorgia Torresini destaca que o período da pandemia fez com que as pessoas tivessem maior empatia umas com as outras. Ela relembra que era comum ver pessoas se ajudando e se colocando no lugar das outras. O olhar atencioso para as necessidades do outro é, de acordo com a médica infectologista, um dos legados deixados durante esse período.
Três anos atrás, o fechamento dos serviços não essenciais tentava controlar a propagação do vírus
Foi no dia 20 de março de 2020 que o governo do Estado do Rio Grande do Sul decretou calamidade pública para tentar conter o avanço do vírus da covid-19. Como em todo o RS, os moradores da região da Serra também precisaram se adaptar a uma nova realidade, com restrições, uso de máscaras e a presença constante do medo. Foram quase 700 mil brasileiros mortos pelo coronavírus, além das sequelas deixadas na vida de muitos outros.
Naquele dia 20 de março, o decreto do governo do Estado passou a proibir, de forma emergencial, a circulação e o ingresso de veículos de transporte coletivo interestadual, público e privado, de passageiros e a realização de eventos e de reuniões com mais de 30 pessoas. O governo ainda proibiu que produtores e fornecedores de bens e serviços essenciais à saúde, à higiene e à alimentação elevassem, excessivamente, os preços nas mercadorias.
Naquele dia, também ficou determinado que os comerciantes deveriam limitar quantitativamente a compra de itens essenciais à saúde, higiene e alimentação. Era comum ver nos supermercados placas indicando o número máximo de itens que poderiam ser comprados por cada pessoa. Além disso, os estabelecimentos comerciais precisaram fixar horários exclusivos para atender aos clientes que integrassem os grupos de risco para a doença, como idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas que pudessem se agravar.
O início da pandemia foi, de certa forma, lento. Muitos diziam que as medidas eram exageradas e que um decreto tão rígido não era necessário. No entanto, a decisão do governo do Estado fechou temporariamente o comércio não essencial, escolas e indústria. O uso diário de máscara e álcool gel e o distanciamento social foram alternativas encontradas para tentar evitar a propagação do vírus.
Relembre o primeiro caso em Caxias e a primeira morte na região
Foi em 11 de março de 2020 que Caxias do Sul recebeu a confirmação do primeiro caso de coronavírus. Um homem de 42 anos, que havia viajado para Milão (Itália), foi o primeiro caso confirmado no município.
A primeira morte em decorrência da covid-19 na região da Serra ocorreu pouco mais de um mês depois, no dia 15 de abril. Etelvino Mezzomo, 64 anos, foi a primeira vítima fatal da região e a 19ª do Rio Grande do Sul.
Esperança de dias melhores
Quase um ano depois, em 17 de janeiro de 2021, a tão esperada vacina contra a doença era aplicada pela primeira vez no Brasil. No RS, a primeira dose foi aplicada em 19 de janeiro, em Porto Alegre. Em Caxias, o dia 19 de janeiro de 2021 também foi a data que marcou a primeira aplicação do imunizante.
Numa terça-feira, às 14h, o médico plantonista do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), Gilmar Padilha Flores, 58 anos, recebeu a aplicação da enfermeira Mirian Claire Sartor Pedroni, 62 anos, servidora pública há 25 anos.