O vice-presidente Geraldo Alckmin desembarca em Passo Fundo nesta sexta-feira (26) para o lançamento de mais uma usina voltada à produção de etanol. Essa é a segunda vez em menos de um ano que o político, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), visita a região pelo mesmo motivo em menos de seis meses.
Em agosto de 2023, Alckmin esteve no ato em que a empresa Be8 firmou um termo de compromisso para a construção de uma nova usina de etanol em grande escala em Passo Fundo. Nesta sexta-feira, ele viaja a Viadutos, a 109 quilômetros da cidade, para lançar a pedra fundamental de uma nova indústria do mesmo setor.
Esse é o quinto projeto de usina de etanol licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) no RS. Dos cinco, três ficam na Região Norte: Passo Fundo, Viadutos e Carazinho. Os demais estão em Júlio de Castilhos e Santiago. Esses empreendimentos precisam da licença da Fepam para sair do papel.
Segundo o órgão, o RS possui duas usinas em fase de Licença Prévia (Júlio de Castilhos e Viadutos), o que significa que as empresas encaminharam o projeto e os técnicos analisam a viabilidade ambiental. A usina de Passo Fundo está em processo para a emissão da Licença de Instalação, enquanto Santiago e Carazinho já têm esse documento emitido.
A Licença de Instalação é o aval dado pela Fepam para que a usina seja estabelecida de fato. Contudo, para funcionar, esses empreendimentos precisam da Licença de Operação, que ainda não foi concedido a nenhuma das cinco.
Ainda assim, o lançamento de usinas de etanol no RS acompanham uma tendência política e econômica que aparece na nova política industrial do governo federal. Chamado de "Nova Indústria Brasil", o projeto destina R$ 300 bilhões para financiamentos na agroindústria, saúde e transição energética até 2026.
A proposta inclui metas para missões que norteiam esforços até 2033. Nesses objetivos, os biocombustíveis ficaram na missão cinco, que espera ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes. Hoje os combustíveis verdes representam 21,4% dessa matriz.
Benefícios diretos e indiretos
Apesar das usinas do norte do RS não terem investimento desse programa, elas podem ser beneficiadas com o aumento da presença dos biocombustíveis na matriz energética de transportes, por exemplo. É essa a percepção de José Fortunati, sócio administrador da FZ BioEnergia, a empresa responsável pela usina de etanol em Viadutos.
— O momento para nós é de muita alegria, pois mostra uma conexão clara entre a atividade privada com o poder público. Mesmo que não façamos parte do novo programa industrial anunciado pelo governo federal, isso mostra a preocupação de dinamizar a indústria no país, a fim de recuperar o processo industrial — pontuou.
Assim como a planta da Be8, a nova usina gerará etanol a partir do milho, triticale, cevada e trigo. A estrutura deve ter capacidade para produzir cerca de 151 milhões de litros de etanol anidro, o que representa 10% da necessidade de mercado do RS, 100 mil toneladas de farelo DDGs, 245 mil toneladas de crédito de carbono, 5,4 toneladas de óleos e 25 mil MWh de energia elétrica por ano.
A expectativa é que a construção comece no mês de fevereiro, com conclusão prevista para o final de 2025. Conforme Fortunati, o projeto contou com o apoio de um levantamento da Emater para verificar que a usina de etanol contribuirá para o aumento das cultivares de inverno na região de Viadutos.
— Na região, temos cerca de 10 mil famílias dos 42 municípios de quem nós vamos comprar a matéria prima. O objetivo é fazer com que os agricultores fomentem a produção no inverno, a qual pretendemos aumentar dos atuais 20% para, pelo menos, 60% a 70% — explica.
Na fase de implantação, a usina de Viadutos deve contar com a mão-de-obra de cerca de mil colaboradores. Depois da conclusão, para garantir a operação do projeto, serão cerca de 150 empregos diretos e 450 de forma indireta. Ao todo, o investimento deve ser de R$ 800 milhões.