Por Erasmo Carlos Battistella, CEO e presidente da Be8
As pessoas estão mais atentas e conscientes do impacto de suas escolhas. Sustentabilidade, responsabilidade social e boas práticas corporativas têm deixado de ser apenas diferenciais de mercado e se tornado requisitos cada vez mais valorizados. E tudo isso, claro, tem alterado o cenário de produção e consumo.
Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Nexus reforça essa tendência: para o consumidor brasileiro, a qualidade segue sendo o principal atributo de uma marca.
No entanto, este mesmo consumidor está mais predisposto a penalizar empresas que não demonstram preocupação com ESG — sigla em inglês para os termos “ambiental, social e governança”.
Ainda temos que percorrer um longo caminho para tornar esse tipo de consumo, de produtos de alto valor agregado, mais acessível no país.
O próprio conceito de ESG tem de ser mais difundido por aqui. Produtos de origem comprovada e práticas responsáveis costumam ter custos operacionais mais altos, o que os tornam menos acessíveis para uma parte significativa do mercado. Entretanto, a tendência de conscientização se fortalece.
Mesmo no meio empresarial, há quem ainda torça o nariz para o ESG, argumentando que o termo é mais utilizado para fins de marketing do que para gerar resultados concretos.
Com o tempo, fui percebendo que essa abordagem é, na verdade, um caminho sólido para construirmos melhores práticas, seja em termos de preservação ambiental, mas em uma perspectiva mais ampla, que envolve o desenvolvimento econômico e a melhoria nas relações entre a empresa e a sociedade.
Ponto de inflexão
Estamos nos aproximando de um ponto crítico do uso de recursos naturais. Repensar como produzimos e consumimos é uma necessidade que vai além do discurso: é uma oportunidade de reconfigurar cadeias produtivas, investir em inovação e adotar tecnologias que otimizem custos e minimizem impactos.
Dentro das empresas, a formação de talentos e lideranças é essencial para sustentar esse movimento. Com o avanço da automação e da inteligência artificial, é a capacidade humana de inovar e resolver problemas que dará às empresas uma vantagem competitiva em um cenário cada vez mais desafiador.
É a capacidade humana de inovar e resolver problemas que dará às empresas uma vantagem competitiva em um cenário cada vez mais desafiador
ERASMO BATTISTELLA
CEO e presidente da Be8
As empresas, especialmente as maiores, têm de assumir também o seu protagonismo como agentes de transformação, oferecendo contrapartidas às regiões e cidades em que atuam.
E tudo isso, além de contribuir para o bem-estar comum e a sociedade, representa uma vantagem competitiva. Agir de maneira consciente e responsável já não é apenas uma questão ética: é um diferencial estratégico diante desse perfil renovado de consumo.
O papel da educação
Nesse contexto, a educação também desempenha um papel crucial. É por meio dela que podemos consolidar esses conceitos e ideias e fortalecer a conscientização sobre questões que estão moldando o futuro da sociedade e do planeta.
A qualificação do ensino e a promoção de temas como responsabilidade ambiental, social e econômica é o que vai nos permitir caminhar rumo a uma sociedade mais justa e sustentável.
O fato de os consumidores estarem mais atentos e dispostos a repensar seus hábitos é um sinal de que esse futuro está ao nosso alcance. E, embora haja uma longa estrada pela frente, há sinais cada vez mais claros de que essa mudança já começou.
Erasmo Carlos Battistella é CEO e presidente da Be8.