A chegada da Olimpíada de Paris merece ser celebrada como a oportunidade de um respiro da humanidade em meio a dias marcados por guerras e extremismos. Espírito olímpico e intolerância, afinal, têm naturezas distintas.
Nas próximas duas semanas, 10,5 mil atletas de 204 países e da equipe de refugiados, distribuídos por 48 modalidades, não estarão apenas disputando medalhas e atrás de quebrar recordes. Irão proporcionar, ao público presente e aos bilhões de pessoas ao redor do mundo que acompanham o evento por diversos meios, exemplos de convivência com adversários, de superação de limites pessoais e de coesão de esforços individuais pelo resultado coletivo. O esporte, como pregava o Barão Pierre de Coubertin, francês fundador do Movimento Olímpico e dos Jogos Olímpicos Modernos, também deve estar a serviço da educação e da harmonia entre os povos.
O esporte, como pregava o Barão Pierre de Coubertin, também deve estar a serviço da educação e da harmonia entre os povos
A 33ª edição dos Jogos da Era Moderna, com a abertura oficial hoje, nas ruas da Cidade Luz e no Rio Sena, marca ainda a volta à convivência plena entre atletas e o público. A Olimpíada de Tóquio, no Japão, foi adiada de 2020 para 2021 devido à pandemia e ainda transcorreu sob a necessidade de distanciamento social, com a cerimônia de abertura e os locais de disputa com arquibancadas vazias. O calor humano e a vibração dos espectadores, desde as primeiras competições, na quarta-feira, já estão de volta.
Ainda com o propósito de dar exemplo, o Comitê Olímpico Internacional inovou nesta edição ao determinar a igualdade de gênero entre os atletas. Paris terá na disputa pelos pódios 5.250 mulheres e 5.250 homens. A delegação brasileira, aliás, de forma inédita, terá maior participação feminina. São 124 homens e 153 mulheres.
Uma delas é a judoca gaúcha Mayra Aguiar, dona de um cartel de três medalhas de bronze – conquistadas em Londres, Rio e Tóquio – e que pode ser a primeira brasileira com quatro pódios. Ela é parte do grupo de 19 atletas gaúchos ou vinculados a clubes do Estado que foi à França para tentar fazer o Brasil ter um novo recorde de conquistas.
Como é tradição em grandes eventos esportivos, o Grupo RBS está presente em Paris. São seis profissionais da RBS TV, da Rádio Gaúcha e de Zero Hora enviados para a cobertura dos jogos, com um olhar especial para o desempenho dos desportistas do Rio Grande do Sul. Espera-se que seja possível relatar aos gaúchos um novo feito histórico da delegação brasileira, superando as 21 medalhas de Tóquio, onde o país também alcançou a melhor posição no quadro geral entre as nações, com um 12º lugar.
A importância de uma olimpíada vai muito além da grandiosidade do evento, das marcas estabelecidas e da emoção das disputas vencidas por mínimas diferenças. A grande visibilidade de inúmeras modalidades é um estímulo para que mais crianças e jovens se inspirem e encontrem em uma atividade física um caminho para uma vida mais saudável, afastada das drogas e da criminalidade. O esporte não é apenas a busca obstinada pela vitória. É um meio para se aprender sobre disciplina, respeito às regras, trabalho em equipe, companheirismo, e saber ganhar e perder. O esporte forja cidadãos.