Por Fábio Bernardi, sócio-diretor da HOC
O modo de vida atual, constantemente cheio de tarefas e cronometrado, desliga, automática e indiscriminadamente, nossa capacidade de sentir e refletir. É difícil prestar atenção ao redor quando você está a 200 km/h. É por isso que nada, da publicidade ao jornalismo, passando pelo entretenimento, pelo cotidiano e pela arte, pode deixar de ter interessância: aquela mistura de interessante com relevância que faz com que a audiência rompa com a inércia inerente à velocidade com que estamos passando pela vida.
O ser humano não se apaixona por logotipos, por manchetes ou por produtos. Nós nos apaixonamos por histórias. São elas que tocam nosso coração e mexem com nosso cérebro. E para provocar esta emoção é preciso flertar com o imaginário. Não se faz sedução, na vida ou na arte, em linha reta. Este é o maior erro a que os desavisados são induzidos em tempo de crise. Quanto maior a crise, maior deveria ser a emoção. Porque as pessoas, definitivamente, não estão preocupadas com o que você tem a dizer. Ou você as provoca, as estimula, as seduz, as instiga, as desafia, ou a velocidade do mundo vai atropelar a atenção que você esperava ter. É por isso, também, que a estética será cada vez mais fundamental e necessária. Porque beleza e design emocionam instantaneamente – e isso tem muito valor em um mundo cada vez mais veloz.
Não estamos mais apenas na era da informação, mas entrando numa sociedade do conteúdo
Não estamos mais apenas na era da informação, mas entrando numa sociedade do conteúdo. Se você tem verba, pode comprar a mídia que quiser para a sua mensagem, mas isso não quer dizer que consiga comprar a atenção das pessoas. Por isso, o conteúdo já é rei, está empossado e sentado no trono. Daqui para frente, vai tratar de ampliar os domínios do seu reino, e todos acabarão, cedo ou tarde, governados por ele – a inteligência artificial está apenas facilitando e acelerando a chegada deste novo tempo.
E quando isso acontecer, pode ficar berrando seu preço baixo à vontade, que ninguém vai estar ali para escutar.