Mesmo que o inverno se inicie oficialmente apenas em meados de junho, é comum que as baixas temperaturas apareçam ainda em maio no Rio Grande do Sul, como vem acontecendo nos últimos dias. Desde o recrudescimento da pandemia, principalmente a partir de março, os gaúchos voltaram a se mobilizar em uma nova onda de solidariedade para amparar a população carente e combater particularmente a fome, chaga que tem acometido um grande número de brasileiros, devido ao alto desemprego.
Se faz necessário também instigar a sociedade para que se engaje nas iniciativas que visam arrecadar roupas e outras peças para enfrentar os meses mais gélidos do ano
Mas, no Estado, se faz necessário também mobilizar a sociedade para que se engaje nas iniciativas que visam arrecadar e distribuir roupas e outras peças necessárias para enfrentar os meses mais gélidos do ano, como cobertores, mitigando o sofrimento de um grande número de pessoas que não têm teto ou condições financeiras de se proteger dos efeitos das baixas temperaturas. Atenta a este drama, a prefeitura da Capital lançou na última terça-feira a sua campanha do agasalho 2021, contando com a adesão solidária dos porto-alegrenses que têm itens sobrando e em desuso em casa, mas que podem trazer conforto para os mais vulneráveis. O mesmo fez a gestão municipal de Caxias do Sul, que deu sábado a largada na iniciativa. A campanha do governo gaúcho, por sua vez, foi lançada ainda no final de abril, com mais de um mês de antecedência na comparação com a data do ano passado.
Em Porto Alegre, serão 12 pontos de coleta de agasalhos e de alimentos não perecíveis. Devido aos riscos relacionados à covid-19, os donativos passarão por uma quarentena de 72 horas até o início da distribuição. O mesmo cuidado terá a prefeitura de Caxias do Sul, que estima, neste ano, arrecadar mais de 150 mil peças, entre agasalhos, cobertores, mantas e calçados.
Os gaúchos já deram provas de empatia e de espírito solidário neste ano. Várias prefeituras organizaram coletas de alimentos e roupas nos drive-thrus de vacinação, com grande adesão da população que, de certa forma, retribuía a dádiva da imunização contra a doença que assombra o mundo. Ao lado das iniciativas do poder público, o Rio Grande do Sul tem tradição em mobilizações capitaneadas por empresas e sociedade civil. Estas organizações têm, junto ao desprendimento dos seus voluntários, a capilaridade e a experiência para uma distribuição adequada das doações, fazendo com que os itens cheguem aos que mais precisam.
Além das centenas de milhares de mortes no país, a pandemia também agravou a crise social, levando um grande número de brasileiros ao desemprego, à miséria e à insegurança alimentar. Este triste capítulo será virado, mais cedo ou mais tarde, e muitos que hoje necessitam de ajuda poderão ter a oportunidade de se recolocar no mercado de trabalho, recuperar renda e dignidade. Mas, até lá, será necessário fazer aflorar outra vez a qualidade intrínseca dos gaúchos, a solidariedade, para aplacar a fome e o frio.