Quando começa a época de férias e de deslocamentos mais intensos para o Litoral, é fundamental conciliar a diversão do veraneio com os cuidados necessários em tempos de pandemia. Esse exemplo vem sendo dado por milhares de gaúchos que muitas vezes não aparecem nas imagens de aglomerações à beira-mar e nas festas clandestinas flagradas pela polícia. Mais do que alarmismo ou intenção de espalhar pânico, os alertas feitos pela imprensa e por amplos setores da sociedade têm o único objetivo de impedir o colapso do sistema de saúde do Rio Grande do Sul e, com isso, preservar vidas.
Os alertas feitos pela imprensa e por amplos setores da sociedade têm o único objetivo de impedir o colapso do sistema de saúde do RS
O aprendizado desses meses em que a covid-19 modificou radicalmente as dinâmicas sociais, políticas, culturais e econômicas do planeta Terra é rico em experiências positivas. Uma delas é a convicção de que é possível conciliar a preservação de muitas atividades econômicas com as precauções sanitárias recomendadas pelos especialistas em saúde. Mas, para isso, é preciso respeitar a disciplina dos ritos e das regras, mesmo nas situações que são pautadas pela descontração, como é o caso da beira da praia e das atividades de lazer características dos meses de calor. Essa é uma responsabilidade coletiva e de cada um, cabendo ao governo do Estado definir diretrizes, às prefeituras implementá-las e fiscalizá-las e aos cidadãos cumpri-las e zelar pela sua aplicação. Nesse contexto, é razoável afirmar que essa tem sido a postura da maioria dos atores envolvidos no combate à covid-19, mesmo que as exceções, muitas vezes, sobressaiam pelo risco que representam a toda a comunidade.
Não se trata de condenar a diversão e a convivência, depois de tantos meses de isolamento e de tensão, mas de compreender que o momento histórico requer adaptações em comportamentos que aumentem os riscos de transmissão do novo coronavírus.
O Brasil está atrasado na implementação de um plano de vacinação. Olhamos para países menos estruturados e assistimos a cidadãos recebendo a imunização, enquanto por aqui batemos cabeça em disputas politiqueiras e ideológicas. Os desacertos de Brasília não podem minar a consciência de que o momento ainda é grave nem a certeza de que os brasileiros ainda precisarão de paciência até que a vacina chegue, primeiro aos grupos mais vulneráveis, depois a toda a população. Enquanto isso, não há outro caminho a não ser o do lazer possível, que não exclui o sol e o churrasco, mas deve incluir cuidados extras para que, quando o outono chegar, estejamos prontos para planejar o próximo veraneio, a ser usufruído na companhia dos amigos e da família, mas não mais do vírus que tanta dor e destruição vem espalhando entre nós.