Prefeitos e vereadores eleitos ou reeleitos tomam posse nesta sexta-feira e têm à frente, pelos próximos quatro anos, o compromisso de materializar as propostas apresentadas ao longo da campanha para melhorar a qualidade de vida de seus concidadãos e desenvolver os seus municípios. Se, em período de vacas gordas na economia brasileira, já não era uma tarefa fácil, torna-se um desafio ainda mais árduo pela miríade de incertezas derivada agora da crise sanitária. O cenário adverso, porém, não pode servir de justificativa para eventuais frustrações, especialmente quanto aos compromissos assumidos pelos chefes dos Executivos ungidos pelas urnas. Afinal, a realidade do início de 2021 não é surpresa para quem buscava votos poucos meses atrás.
O momento é de arregaçar as mangas e começar a honrar as promessas feitas aos eleitores
Encerrada a campanha, a fase de transição e a etapa de composições políticas para compor os governos que agora assumem, chegou a hora da verdade. O momento é de arregaçar as mangas e começar a honrar as promessas feitas aos eleitores. Não se cobra que todos os planos sejam cumpridos no curto prazo, mas é fundamental demonstrar, ao longo do mandato, que a palavra empenhada não cairá no esquecimento. É sabido que a pandemia não tem impacto apenas na saúde, uma área em que os municípios têm atuação decisiva. Há reflexos nas finanças já dilapidadas nos municípios, na educação, no transporte público e nas demais demandas sociais em que as prefeituras atuam. O ensino, chave para o progresso, merece atenção especialíssima, ainda mais após o grande prejuízo ao aprendizado imposto pelo fechamento das escolas por um longo período em 2020.
Cumprir os compromissos, de outra parte, demandará responsabilidade com a sustentabilidade financeira e a busca permanente por fazer as despesas caberem dentro das receitas. Se os recursos são escassos, a luta contra a corrupção ganha ainda mais importância. No mesmo sentido, empreguismo e inchaço das administrações para acomodar aliados têm de ser combatidos. Da mesma forma, é dever dos novos gestores buscar incansavelmente maior eficiência para a máquina pública para devolver aos munícipes serviços à altura da alta carga tributária a que são submetidos. O desenvolvimento econômico, por outro lado, passa pela desburocratização e apoio ao empreendedorismo, sem que isso signifique falta de cuidado com o ambiente, por exemplo. Se reformas são cobradas em níveis federal e estadual, também devem estar no horizonte dos poderes municipais, de acordo com suas atribuições e respeitando seus limites de atuação.
Aos vereadores, por sua vez, cabe uma fiscalização responsável do Executivo e a formulação de leis pertinentes que tragam colaboração efetiva para as suas comunidades. Seria um bom sinal se ainda desperdiçassem menos tempo e energia em pautas secundárias, como homenagens com nomes de ruas e distribuição de comendas. Estas até podem ser atribuições dos Legislativos, mas as prioridades são outras e bem conhecidas. Vencer a crise sanitária e econômica e reverter os prejuízos à educação só será possível com foco e dedicação. O sucesso das legislaturas e das administrações, com posterior reconhecimento dos eleitores, não depende de sorte, mas de competência e abnegação. Então, ao trabalho. Após um ano repleto de aflições, os brasileiros merecem um 2021 com esperanças renovadas, respirando ares de mudança e a expectativa de dias melhores onde vivem: os municípios.