O sucesso do modelo gaúcho de manejo da pandemia com a paulatina reabertura de atividades econômicas, onde e quando for possível, depende em primeiro lugar da adesão consciente e responsável de cada cidadão. Uma postura individual exemplar, protegendo a si, às pessoas próximas e a seus contatos tende a ser muito mais eficiente do que uma fiscalização dura ou possíveis punições para inibir comportamentos inadequados. Talvez o mais importante hábito que precise ser incorporado pela população, possivelmente por um bom tempo ainda pela frente, seja o uso permanente de máscaras a cada vez que se sair de casa. Seja para trabalhar, seja mesmo para tarefas eventuais, como compras de itens de necessidade básica.
Desta forma, será possível salvar um grande número de vidas e permitir que o Rio Grande do Sul não precise retroceder no seu plano de reabertura gradual
O uso da máscara é um gesto simples, mas que tem o potencial de trazer um benefício imenso para evitar a disseminação do coronavírus. Até mesmo acessórios caseiros oferecem uma razoável proteção para impedir que o patógeno seja transmitido de uma pessoa para outra, ainda mais se, somado a esse comportamento, forem obedecidas outras orientações banais mas importantes como higienizar frequentemente as mãos e manter um distanciamento mínimo de outros indivíduos.
Ontem, no primeiro dia de validade do novo decreto com as regras atualizadas do modelo de distanciamento controlado do governo do Estado, ainda foi possível observar muitas pessoas nas ruas dispensando o uso das máscaras, não se sabe se por desconhecimento da obrigatoriedade, por negacionismo, pelo desdém com seus concidadãos ou outra razão qualquer. O certo é que ninguém pode ter a garantia de que não será infectado por esse traiçoeiro vírus que, mostra a ciência, tem os assintomáticos como maior fonte de disseminação e não distingue idade, forma física, atividade ou classe social para fazer suas vítimas.
O grupo que ainda não adotou a utilização de máscaras pode ser minoria, mas têm um comportamento de alto risco para toda a sociedade. É preciso ter em mente que não se trata apenas de evitar que sejam contaminados, mas que talvez carreguem o agente infeccioso mesmo sem sentir sintomas e, por irresponsabilidade, podem ser os veículos para o aumento do número de casos e de mortes no Rio Grande do Sul, onde a situação está relativamente controlada, ainda mais se a comparação for feita com outras regiões do Brasil. Essa conduta reprovável deve ser tratada com pressão social. Ou seja, a recomendação direta, indivíduo a indivíduo, para a utilização da máscara e a advertência moral a aqueles que por qualquer motivo preferem o desleixo.
Além de ser um dever de cada cidadão, cabe às empresas, aos governantes, aos meios de comunicação, às entidades da sociedade civil e suas lideranças colaborarem para que essa mensagem – e não o vírus – se espalhe pelo Estado e todos tenham acesso a esse utensílio, seja ensinando a confeccionar peças caseiras ou distribuindo-as para quem não tem acesso. Dessa forma, será possível salvar um grande número de vidas, diminuir a pressão sobre o sistema de saúde e permitir que o Rio Grande do Sul não precise retroceder no seu plano de reabertura gradual.