Por Paulo Sardinha, presidente da ABRH Brasil
O home office foi a resposta mais rápida entre todas as outras no cenário atual. O formato é resultado de uma flexibilização recente e se tornou também a alternativa mais abrangente, permitindo assegurar a continuidade de tarefas, do trabalho e das atividades de certas organizações, ainda que de forma limitada e restrita a algumas situações. Há que se notar que em muitos casos foi implantado à revelia dos procedimentos prévios e necessários. E aqui não segue uma crítica, mas sim uma constatação, que reforça a importância do que entendemos por flexibilização. Isto será necessário novamente para não lidarmos com batalhas jurídicas quando a crise começar a ser mitigada.
É fundamental estabelecer os papéis de cada um durante essa crise
É fato que não podemos nos afastar livremente dos preceitos jurídicos em vigor que nos norteiam. Flexibilizar não é negar e subverter. Um sinal fechado no trânsito continua sendo um comando para parar. Mas precisamos cada vez mais de sinais modernos que emitam uma luz apropriada e que possa ser "inteligente" para se adequar à variação do volume dos carros que dependem dele para seguirem adiante. Assim, as leis e todas as tecnologias que nos cercam e também viabilizam o teletrabalho necessitam de uma boa gestão por parte das lideranças. Falando em gestão, líderes e equipes, em muitas empresas, depararam com a novidade do home office. Com isso, é fundamental estabelecer os papéis de cada um durante essa crise.
O gestor deve observar cuidadosamente as necessidades individuais de seus empregados e assegurar condições equânimes. É de sua responsabilidade saber como motivar e como integrar sua equipe em torno de objetivos comuns, para que possam obter o melhor resultado. Para isso, o funcionário tem que ter clareza do que se espera dele, de quais são suas prioridades e por qual motivo determinada demanda é importante de ser realizada. Então, o processo de delegação deve ser muito bem feito, levando em consideração se a pessoa compreendeu o que está sendo passado, se ela concorda e deixar prazos claros.
Outra questão essencial é a confiança. Os empregados estarão mais sensíveis, têm que saber gerir o tempo dentro de casa e com situações de "estresse", diferentes das que encontram na empresa. Por esses motivos, a confiança e o respeito às equipes são bases para o home office. Para os que estão em casa, é primordial estabelecer um ambiente adequado e criar algumas regrinhas, um "acordo familiar" para poder trabalhar com mínimos impactos, evitando distrações para manter o foco. O momento que vivemos é sem precedentes, e além de fornecermos recursos para a continuidade dos negócios, precisamos ser humanos, mostrando que podemos ajudar uns aos outros.