Um dos maiores desafios do país nas próximas décadas será qualificar a mão de obra. Por uma série de razões. A transição demográfica atravessada pelo Brasil, com o envelhecimento da população e um menor número de jovens chegando ao mercado, vai exigir que os trabalhadores tenham uma produtividade crescente e muito superior à atual, que, aliás, vem patinando nos últimos anos. Por outro lado, paira a ameaça de que as máquinas acabem substituindo os seres humanos principalmente em tarefas de baixa complexidade e exercidas de forma automática.
Uma boa iniciativa é o programa do MEC lançado no início do mês para criar mais 1,5 milhão de vagas de ensino profissional
O cenário requer uma ação rápida capitaneada pelo governo federal, que precisa de forma célere apresentar à sociedade uma nova política de educação, que melhore o desempenho dos estudantes brasileiros em todos os níveis. As carências, hoje, são enormes, e é urgente preparar as novas gerações para que não sejam alijadas do mercado de trabalho no futuro, em relação tanto ao emprego formal quanto à capacidade para empreender.
Uma boa intenção, neste contexto, é o programa do Ministério da Educação (MEC) lançado no início do mês para criar mais 1,5 milhão de vagas de ensino profissional e tecnológico até 2023. Seria um bem-vindo acréscimo de 80% na oferta destinada a melhorar a qualificação por meio de cursos técnicos, tanto para jovens quanto para adultos que não estão mais nos bancos escolares. A iniciativa faz parte do programa Novos Caminhos e, de forma oportuna, pretende atender à demanda do setor produtivo. Será auspicioso para o país se o programa se consolidar e alcançar os seus objetivos, ajudando o Brasil a fazer essa transição.
Estudos recentes, de instituições como a Fundação Getulio Vargas (FGV), colocam o Brasil entre os mais mal colocados entre seus pares na produtividade da mão de obra. Outros trabalhos realizados neste ano indicam que, em um intervalo entre uma e duas décadas, metade dos empregos do Brasil pode desaparecer, substituídos pela tecnologia. Por outro lado, competências como criatividade, originalidade e capacidades socioemocionais são características que tendem a ser fortalezas. É consenso que profissões vão desaparecer, outras ainda vão surgir e muitas vão se modificar. É um horizonte cheio de dúvidas que vai impor não só a necessidade de um ensino de qualidade desde a tenra infância, mas um processo de educação continuada no decorrer da vida laboral, que também tende a ser mais longa.