Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
Para termos um Brasil com mais igualdade social e qualidade de vida, precisamos desenvolver o ambiente de empreendedorismo sustentável. Um país não resolve problemas sociais por meio de "esmolas" assistencialistas, mas com empregos e iniciativas empreendedoras. Para promover a nossa inserção na economia globalizada e assegurar taxas de crescimento dignas de um país continental, o foco das políticas de Estado deve ser facilitar o empreendedorismo sustentável e a competitividade sistêmica.
É frustrante constatar que ocupamos a 124ª posição no relatório de 2019 do Banco Mundial que avalia o ambiente e a facilidade para fazer negócios (Doing Business) em 190 países. Nos itens analisados que compõem o índice, constata-se que, para iniciar um negócio, nossa posição é 140º. Já para conseguir atender a toda a burocracia necessária, nossa posição cai para 175ª (último lugar entre os países avaliados, atrás inclusive da Venezuela). Na facilidade de registrar propriedades, nossa posição é 137ª. No acesso ao crédito, ocupamos o 99º lugar. Na facilidade de pagar tributos, nossa posição é a 184ª (além da alta carga tributária para um país emergente, ainda criamos diversas outras dificuldades). Nas barreiras tarifárias, temos a posição 106ª. Tudo isso, nos torna uma economia excessivamente fechada e afastada do mercado globalizado.
Há muito o que melhorar para termos um ambiente propício à geração de novos negócios com inovações competitivas, capazes de induzir as empresas estabelecidas a adotar processos mais modernos e a usar de maneira mais eficiente as tecnologias existentes. Um dos grandes desafios é enfrentar grupos de interesse formados pela burocracia estatal e suas relações corporativistas. As causas-raízes desse nosso sistema burocrático estão na nossa cultura de Estado interventor, desqualificado, que atrapalha a dinâmica empreendedora com uma máquina estatal ineficiente – cujo custo é maior do que a sociedade é capaz de suportar –, com a "economia da burocracia" e com o corporativismo. Iniciativas como as reformas da previdência e a tributária são importantes, mas insuficientes para sermos um Brasil competitivo. Teremos que fazer muito mais. Para tanto, precisaremos de capacidade política para de vencer o corporativismo que está associado a qualquer tema quando se buscam as necessárias reestruturações paradigmáticas, entre as quais a urgente reforma administrativa do Estado.