Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A ambiência atual exige mudanças urgentes induzidas pela situação da economia e suas consequências. Temos que repensar e fazer transformações paradigmáticas, visando ao empreendedorismo sustentável, no qual o Estado, no papel de indutor do bem-estar social, oferece serviços de qualidade a um custo suportável e serve à sociedade, despojado de empresas estatais deficitárias. Significa reformar a Previdência, rever privilégios e focar seu desempenho na meritocracia. Exige reformar o sistema político clientelista com relações corporativistas e expô-lo a uma representatividade com controle social. Requer a desburocratização digitalizada da funcionalidade do Estado, visando à eficiência e à transparência, para que as centenas de departamentos, agências, setores, órgãos etc sejam reformatados por um processo de reengenharia e de engenharia de valor. Neste caso, devem ser avaliados os resultados entregues à sociedade e se estes compensam seus custos e adicionam valor. Impõe repensar as relações diplomáticas e a competitividade sistêmica das cadeias econômicas para aumentar a nossa inserção no comércio mundial e respaldar o crescimento. Também deve ser considerado o equilíbrio entre os direitos de que dispõe o cidadão e os seus deveres para com a sociedade. Hoje, temos uma cidadania plena de direitos, mas descompromissada com deveres, uma vez que a punição pelo descumprimento das regras é um processo ineficaz. A impunidade impacta na segurança pública, pois aqueles que oferecem risco à vida dos cidadãos estão nas ruas, a comando dos escritórios da droga localizados dentro dos presídios. A reforma do Código Penal e a agilidade da sua aplicabilidade são fundamentos na segurança pública. A evolução da educação ajustada pela realidade familiar atual deve qualificar não só pelo conhecimento, mas capacitar — sem ideologias — para cidadania social e para a política moderna, além de melhorar a nossa democracia representativa participativa.
A desigualdade não se resolve só por compensações, mas pela construção da igualdade social ao se criar condições para que cada um conduza a sua própria vida, sem eternizar uma dependência do Estado. Repensar os fundamentos visando a estabelecer soluções descontaminadas dos preconceitos anacrônicos do tipo direita-esquerda, liberalismo-socialismo-conservadorismo, Estado mínimo-Estado máximo é o caminho para buscar soluções sustentáveis que melhorem a vida dos brasileiros, em especial a dos menos favorecidos, através de processos democráticos com uma ação efetiva da cidadania política qualificada.