Por Guershon Kwasniewski, rabino da Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficência e coordenador do Grupo de Diálogo Inter-Religioso de Porto Alegre
É difícil entender a sociedade anestesiada na qual vivemos. Fatos lamentáveis acontecem e ninguém reage. Interessante que ficamos horrorizados quando o grupo terrorista Estado Islâmico decapita os seus prisioneiros, mas nada acontece quando presos são decapitados nas prisões brasileiras. A conclusão que tiro é simples: não existe respeito à vida, nem dentro nem fora dos presídios por estas terras.
A sociedade e a imprensa ficam mais preocupadas com as bobagens que falam alguns políticos. O sangue derramado em chacinas, assassinatos e decapitações está se espalhando rapidamente pelas ruas do Brasil e em breve estaremos todos mergulhando nele se não tomarmos providências.
Continuamos sendo indiferentes aos nossos próprios problemas. Somos egoístas, pensamos que, se não é comigo, não importa. Vemos policiais sendo assassinados, cidadãos sendo assaltados, e nada.
A depredação do patrimônio público é lamentável e triste. As ruas das nossas cidades estão cada vez mais desertas à noite. Não é só por comodidade que os serviços de delivery têm aumentado em forma considerável. Existe medo de sair de casa.
Cada vez mais, temos menos confiança nos taxistas e nos motoristas dos aplicativos. Ouvimos muitas histórias.
Muitos dos nossos problemas se resolvem com educação e aplicando a lei. Quando a lei se aplica, existe respeito. Respeito, um valor perdido ou escondido da sociedade brasileira. Se agirmos e desenvolvermos o princípio que nos transmite a mensagem do livro de Levítico 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, teremos esperança de mudanças.
O que ninguém nos tirou ainda é o direito de sonhar por um Brasil melhor.