Por Mateus Wesp, deputado estadual, líder da bancada do PSDB
Os gaúchos passaram os últimos anos sofrendo as agruras de uma crise financeira que se reflete diariamente em nossas vidas, quando constatamos a precariedade de uma série de serviços públicos providos pelo Estado. São carências inúmeras, em áreas vitais como segurança, saúde, educação e infraestrutura, para não falar no drama que aflige os servidores do Executivo, há anos recebendo com atraso os seus vencimento.
Tudo isso causado, em grande medida, por sucessivos e crescentes déficits orçamentários. As consequências concretas da falência do Rio Grande do Sul são sentidas pela população, mas quem quer que observasse as otimistas previsões do orçamento estadual não entenderia o porquê da crise: é praxe a apresentação de propostas orçamentárias que não refletem a nossa realidade financeira. Ano após ano, são previstas receitas extraordinárias que nunca se materializam, para sustentar a ficção de que temos um orçamento equilibrado.
Felizmente, isso pode mudar a partir do ano que vem: o governador Eduardo Leite remeteu à Assembleia Legislativa um projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que explicita um déficit de R$ 4,3 bilhões para o exercício fiscal de 2020. A mim, coube a honrosa incumbência de relatar este projeto e, após inúmeras consultas com diversos setores da sociedade e da política gaúchas, e de uma ponderada análise, convenci-me de que adotar um orçamento realista é o melhor caminho para o Rio Grande do Sul.
Sabemos que o primeiro passo para resolver um problema é admitir que ele existe. Tapar o sol com a peneira, como se diz popularmente, apenas piora uma situação já grave, como comprova a história financeira do nosso Rio Grande. É hora de encarar a dura realidade sem subterfúgios, com a fibra e a coragem características do nosso povo. Deve-se ter claro que a crise não é apenas do Executivo, mas do Estado do Rio Grande do Sul. Assim, um orçamento realista demandará medidas de ajuste também do Legislativo e do Judiciário, para que possamos, logo à frente, vislumbrar um futuro melhor para todos.