Por Dalton Schmitt, diretor na BR Supply e mentor Endeavor
No passado, a tomada de decisão nas empresas era baseada, no geral, em poucas informações e muito sentimento e experiência do gestor. Com o passar dos anos, a tecnologia tem permitido cada vez melhores condições para execução desse processo, com o acesso a informações e dados como atores centrais na tomada de decisão, aliado ao conhecimento, à experiência e ao empreendedorismo. Tem sido exponencial o acesso dos gestores a novos instrumentos de decisão. A capacidade de processamento dos sistemas e as novas tecnologias possíveis são organismos vivos que alimentam por diversos ângulos o painel de tomada de decisão. Olhando para frente, essa é uma pista que estará cada vez mais larga e iluminada.
Contudo, há um efeito colateral nessa evolução: a complexidade da teia de informações geradas, por vezes, tem tornado opaco um elemento central que é sinônimo do sucesso dos negócios: o foco na essência e a objetividade na decisão.
Uma boa base de informações e diferentes alternativas de visão são aliadas indissociáveis da consistência de decisão do gestor. Contudo, uma seleção mais focal desse espectro, que projeta a luz exata no problema, com a consistência adequada, pode ser suficiente para decidir o melhor caminho, desde que conjugue inteligência e dinamismo. Em contrapartida, informações em grande quantidade e de ângulos dispersos, o que seria, em tese, sempre positivo, podem gerar a falsa sensação de consistência pela quantidade e, no fundo, trazer à mesa o nocivo elemento da insegurança e, por conseguinte, a lentidão ou o desequilíbrio. Em um exemplo hipotético, frente a um problema, em vez de olhar três diferentes painéis de informações, que seriam, nesse caso, suficientes para tomar uma decisão consistente e rápida, o gestor acessa sete informações de diferentes ângulos, gerando o falso conforto de profundidade, mas que, na prática, o torna inseguro e sem o dinamismo e firmeza necessários à ação.
A tecnologia e as informações têm permitido aos negócios mudar de patamar, aos saltos, e alcançar soluções jamais imaginadas para o mundo. Assim é e assim será. Mas é dos gestores a responsabilidade de entender que a segurança da decisão é, também, amiga de um olhar, muitas vezes, simples, selecionando não a quantidade, mas a essência, o que realmente interessa para decidir o melhor caminho.