Se e a venda de estatais sempre é um tema controverso e muitas vezes cercado de dúvidas, acerta o Palácio Piratini ao elaborar uma cartilha para explicar os detalhes do processo de alienação do Grupo CEEE, da Sulgás e da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). É essencial que os deputados e a sociedade gaúcha tenham acesso facilitado a todas as informações que embasam a necessidade de privatização das três empresas e o destino dos recursos.
Para os funcionários, o Estado assegura as indenizações devidas e a possibilidade de alongar benefícios como plano de saúde
São companhias públicas que já tiveram importante papel no passado. Cumpriram a missão de levar energia aos gaúchos, incentivar o uso do carvão mineral e, mais recentemente, de iniciar a distribuição de gás natural para indústrias, hospitais, motoristas e consumidores residenciais. Por diferentes razões, já não há justificativa para a sua manutenção como empresas públicas, sobretudo quando acumulam prejuízos, somam altíssimo endividamento – como a CEEE, com passivo de R$ 6,8 bilhões – ou perdem a capacidade de investimento.
A Sulgás, por exemplo, é até lucrativa, mas vem pecando na ampliação da oferta de gás para além das regiões Metropolitana e Serra, a despeito de existir demanda. Em mãos privadas, essas empresas prestarão um melhor serviço aos gaúchos. Serão mais eficientes e, ao mesmo tempo, o processo de venda deflagrado facilita a adesão do Estado ao regime de recuperação fiscal (RRF) proposto pela União.
A privatização das três empresas, portanto, é etapa de um processo mais amplo e complexo de reestruturação das finanças. É uma longa jornada que, no seu final, deve colaborar para que o governo gaúcho não se limite a ser um mero gestor da folha de pagamento do funcionalismo e possa, no futuro, colocar compromissos em dia e voltar a ser capaz de fazer investimento nas áreas essenciais à população, como saúde, educação e segurança. O primeiro passo dessa jornada será o de atacar o alto endividamento do Estado. O uso dos recursos para gastos correntes é vedado.
Pelo caráter polêmico e intrincado, é imperioso tratar do assunto com ampla transparência. É um antídoto, inclusive, para a desinformação disseminada por interesses enviesados. É natural também esperar reações de corporações, resistentes à perda de privilégios e vantagens.
O Piratini promete planos de demissão voluntária para quem quiser se desligar. O Estado assegura as indenizações devidas, a possibilidade de alongar benefícios como plano de saúde e a criação de programas de apoio para a reinserção no mercado. Para servidores qualificados, produtivos e que não dependem apenas de indicação partidária, não faltará oportunidade de fazer carreira em ambientes que primam, essencialmente, pelo mérito na construção da carreira. Inclusive nas novas empresas privatizadas.