Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Em prol da inovação, no mundo todo, pipocam iniciativas que têm por objetivo ligar pontos. Google e ONU anunciaram, semana passada, uma parceria para fornecer, gratuitamente, informações sobre a água em todo o mundo, tendo como base o Google Earth. Para quê? Reunir dados de diversas fontes para definir as políticas e o planejamento ambiental dos países. A Microsoft e a BMW lançaram, neste mês, uma iniciativa para criar uma plataforma aberta que visa estimular e acelerar o desenvolvimento de fábricas “inteligentes”. Como? Conectando os milhares de dados que estão disponíveis na web e promovendo a colaboração.
Também no Brasil, esse movimento é visível. Um dos grandes desafios por aqui é transformar conhecimento em desenvolvimento. Nosso país, de acordo com o National Science Indicators, é responsável por aproximadamente 2,7% da produção acadêmica do mundo, mas detém apenas 0,2% das patentes mundiais. Nem todas as áreas originam patentes, e esse não é o único indicador de inovação, mas fica claro que não estamos conseguindo transformar o conhecimento existente em produtos e processos. Em várias etapas, falta conexão. Talvez por isso, a bola da vez para inovar, por aqui, parece ser a aproximação entre médias e grandes empresas com startups. A Embrapa, empresa responsável por boa parte da competitividade que o Brasil tem no agronegócio, implementou o programa Pontes para Inovação, com o objetivo de conectar as tecnologias por ela produzidas com startups que queiram desenvolvê-las e investidores privados. Em dezembro de 2018, foram selecionadas oito startups, que vão receber até R$ 6 milhões cada uma, para serem essa ponte entre o conhecimento e o mercado. Natura, Braskem, Hering: não há setor que esteja fora desse movimento. Associações como Anprotec, CNT e tantas outras, além do Sebrae, também estão nessa e desenvolvem programas semelhantes.
Já nos anos 1960, Baran, autor do diagrama que leva seu nome, mostrou que o que muda a realidade, mais do que os pontos em si, é a forma como eles são ligados. E isso continua sendo o grande desafio para inovar. Vamos nos conectar?