Pesquisa da Câmara Americana de Porto Alegre ouviu 72 empresários gaúchos para saber se estão mantidos os investimentos em inovação, apesar da crise. Quase 70% deles responderam que sim.
– Mesmo que seja inovação com foco em redução de custo – pondera o gerente-regional da Amcham, Marcelo Rodrigues.
Quem enfrenta o desafio da inovação desde a concepção, são as startups. São chamadas assim empresas criadas com baixo investimento, mas que têm forte potencial de crescimento.
O problema é que metade das startups desaparece em poucos anos. Para minimizar este risco, Porto Alegre terá em setembro o primeiro Amcham Arena. A competição colocará estes jovens empresários frente a frente com executivos de grandes empresas. Cada startup terá cinco minutos para apresentar seu negócio.
Então, veja o que dizem os empresários que vão participar da avaliação:P
Presidente do Banco Agiplan, Marciano Testa
Sua empresa trabalha com startups?
Testa - Sim. Algumas estão sendo avaliadas para serem fornecedoras e estamos iniciando um processo de mentoria e incubação para startups no Rio Grande do Sul. Acreditamos que têm tecnologia e grande potencial de inovação, além da agilidade e olhar focado no usuário. Alguns anos atrás, as empresas partiam de processos internos para desenvolver produtos e focar na experiência do cliente. Este caminho se inverteu. Estudamos primeiro a experiência e a necessidade do consumidor para então desenvolver produtos e serviços.
O que vai observar na banca do evento?
Testa - Entre outros critérios, vamos avaliar a viabilidade do produto, o quão inovadora, disruptiva e escalável é a solução. Além disso, a experiência oferecida ao consumidor.
Qual o grande erro das startups?
Testa - Por incrível que pareça, o problema não é falta de capital. Não minha opinião, são: visão de curto prazo, falta de gestão, produtos pouco criativos, ausência de viabilidade do negócio, sócios sem sintonia e muito jovens. Existe uma falsa ideia de que as empresas inovadoras surgem exclusivamente na mão dos mais jovens. Observo que os empreendedores com idade acima de 27 anos e com alguma experiência corporativa têm obtido um percentual maior de êxito nas suas startups. Por isso, é tão importante que as grandes empresas desenvolvam projetos de incubação e mentoria, para dividir experiência, apoiar e desenvolver o empreendedor ao mundo dos negócios.
Vice-presidente da Gerdau, Francisco Fortes
Sua empresa trabalha com startups?
Fortes - Sim. A Gerdau trabalha com cerca de 30 startups. Entre os principais objetivos está a busca de parcerias que possam contribuir para as necessidades do atual modelo de negócio da empresa, incluindo projetos voltados tanto para a área comercial, quanto para a industrial. Além disso, a Gerdau, por meio dessa aproximação com startups, também busca estar imersa nas tendências de mercado e nos novos modelos de negócios.
O que vai observar na banca do evento?
Fortes - Um dos principais pontos é o potencial da ideia e de que maneira isso pode se tornar um modelo de negócio rentável. Além disso, é preciso estar atendo ao perfil do empreendedor, pois é fundamental que seja uma pessoa resiliente e esteja disposta a transformar uma grande ideia em um negócio lucrativo.
Qual o grande erro das startups?
Fortes - É preciso desenvolver uma visão de mercado. Muitas vezes, conhecemos startups com grande potencial técnico e com uma solução tecnológica interessante, mas com uma lacuna na questão de posicionamento no mercado. A aproximação com aceleradoras e com grandes empresas pode ajudar a cobrir esse gap e desenvolver o ecossistema como um todo.
Presidente do conselho de administração da Lojas Renner, Osvaldo Schirmer
Sua empresa trabalha com startups?
Schirmer - Estou no conselho de administração de diversas empresas. Em algumas delas, quando se acredita em uma idéia, se faz um projeto piloto para testar o produto ou serviço. Se a resposta for positiva, se amplia o escopo. Se a resposta se mantiver forte, damos individualidade com marca própria, CNPJ e gestão quase independente.
O que vai observar na banca do evento?
Schirmer - Estarei entre os qua vão avaliar o plano de negócio das starups. Questionarei a visão de médio e longo prazos, as barreiras de entrada para novos competidores e qual seria o ciclo esperado para a vida do produto ou serviço. Muitas vezes uma idéia brilhante traz uma vantagem competitiva, mas de curta duração, pois os que forem capazes de copiar logo entrarão no mercado.
Qual o grande erro das startups?
Schirmer - Vale para uma startup o mesmo que para qualquer outra empresa que inicia suas atividades. É preciso uma adequada estrutura de capital, governança, objetivos claros quanto ao mercado que deseja atingir, dependência tecnológica, retenção de talentos, etc.
===
Ouça entrevista com o gerente-regional da Amcham, Marcelo Rodrigues:
Siga Giane Guerra no Facebook.