Por Fernando de Oliveira Souza, médico
Citando o conselheiro Acácio, personagem memorável de Eça de Queiroz que gostava de repetir o óbvio, toda questão polêmica tem seus prós e contras, e essa é uma das campeãs.
Porém, acima de todos os inúmeros argumentos para um lado ou para outro , paira um incontestável, que é o direito de lutar pela sobrevivência de cada um e de seus entes queridos.
Será que o recentíssimo decreto do presidente Bolsonaro sobre a posse de armas favorece ou não esta máxima ? São questões polêmicas , como já foi dito, que nos açodam diariamente na busca até de uma atitude pessoal quanto ao assunto: será que devo "me armar", será que devo blindar meu carro e dos meus familiares, todos nos perguntamos .
A violência está aí para todos verem e não é influência de casos emblemáticos , são dados estatísticos que comprovam o posicionamento do nosso país como um dos mais violentos do mundo. Não cabe aqui analisar suas causas mas é suficientemente claro que o governo não consegue prover a população da segurança que ela tanto necessita.
Vejamos os casos de feminicídio, que ocorrem diariamente no nosso país. As medidas protetivas à mulher ameaçada são realmente eficientes em proteger sua vida ? Aparentemente não. Se ela tivesse como se proteger com uma arma e soubesse usá-la, isto seria eficaz ? Aparentemente sim.
Ontem, no Rio de Janeiro, um jovem se jogou na frente de uma arma para proteger sua mãe de uma assalto ao seu mercadinho e acabou morrendo. Será que se ele estivesse armado, seria diferente ? Neste caso, não tendo outro recurso, só lhe restou acabar morrendo.
Entre os argumentos mais importantes de quem se posiciona contra as armas é que , e isto é comprovado cientificamente, quanto mais armas em circulação, maior a taxa de homicídios. A pergunta que cabe é, quem vai morrer mais com o aumento das armas, os bandidos ou as pessoas de bem, porque até agora, com a população desarmada, nestes confrontos morrem sempre os desarmados e não os desalmados.
Como a medida facilita a posse mas não o porte, e esta diferenciação é fundamental, estaremos, pelo menos teoricamente, livres do mau uso da arma ao portador como por exemplo em uma briga boba de trânsito.São os ventos da mudança, espero que para melhor.