Apesar de ainda modesto, o crescimento da economia brasileira no terceiro trimestre não deixa de ser um feito. Depois de dois anos de recessão, em 2015 e 2016, e de um cenário de estagnação em 2017, o recente avanço de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) mostra que o país tem condições de alcançar níveis de emprego e renda de outrora.
Embora tenha apresentado desempenho mais tímido, a indústria ficou no azul pela primeira vez nesse ano, influenciada pelo comportamento positivo de segmentos importantes como o de transformação e da construção.
Também é positivo o fato de a taxa de investimento, registrada no indicador chamado Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), inverter a direção e voltar a crescer na comparação com igual período do ano anterior. O indicador, que representa compra de máquinas e equipamentos é uma boa perspectiva de que, enfim, exista possibilidade de crescimento mais robusto no futuro.
Se o país não tivesse enfrentado as consequências de uma greve inoportuna como a dos caminhoneiros, em maio, o resultado do ano, estimado por economistas em 1,4% de expansão, poderia chegar a 3%. Agora, para que o Brasil possa alcançar avanços mais expressivos do que esse, é preciso persistir nas condições que permitam a continuidade dessa retomada, de preferência num ritmo mais acelerado.
A possibilidade vai depender da capacidade de o novo governo aprovar no Congresso reformas estruturais que ajudem a destravar o crescimento. Entre as mudanças aguardadas, estão a da Previdência, essencial para garantir mais estabilidade às contas do poder público, e a tributária, que possa desonerar a produção e garantir maior estímulo ao empreendedorismo.
O efeito mais notável das inovações, se passarem pela Câmara e pelo Senado Federal e forem sancionadas pelo próximo presidente da República, será um grande ganho de racionalidade para o sistema público brasileiro. O enfrentamento da crise fiscal e o estímulo à atividade econômica demandam medidas corajosas que encaminhem as contas públicas para seu reequilíbrio. Algumas propostas foram implementadas pelo atual governo, mas o resultado foi aquém do pretendido, por causa da resistência de congressistas.
O esforço pelo crescimento deve ser de toda a população e de todos os poderes, não só do Executivo — também do Parlamento, que deve pensar no país e não nos próprios interesses, e do Judiciário, garantidor da segurança jurídica imprescindível para a atração de investimentos internos e externos.