O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores. Embora represente novo fôlego à economia, o resultado tem relação, em parte, com a base fraca de comparação. No segundo trimestre, o PIB havia apresentado relativa estabilidade, ao subir 0,2% – o desempenho à época foi abalado pela greve dos caminhoneiros. Confira o que influenciou o resultado de julho a setembro:
Agropecuária, indústria e serviços
Pelo lado da oferta, entre os setores pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agropecuária teve o maior avanço percentual entre julho e setembro. O crescimento no campo chegou a 0,7%.
– A alta está ligada ao aumento nos preços no mercado internacional. As oscilações do câmbio favoreceram as vendas do setor em vários momentos. Por outro lado, elevaram custos de produção, o que poderá ser sentido no PIB em 2019, já que se planta agora para colher depois – observa o economista-chefe do Sistema Farsul, que representa o agronegócio gaúcho, Antônio da Luz.
No setor de serviços (responsável por cerca de 70% do PIB), a elevação chegou a 0,5%. A alta foi impulsionada por atividades como transporte, armazenagem e correio, com avanço de 2,6%, depois dos prejuízos provocados pela greve dos caminhoneiros.
Embora tenha apresentado crescimento menor, a indústria também ficou no azul. A alta de 0,4% nas fábricas foi a primeira neste ano, influenciada pelo desempenho positivo de segmentos como o de transformação.
– O desempenho da indústria também teve influência da construção, que apresentou variação positiva. Mas a alta do setor ainda ficou abaixo do avanço geral do PIB – pondera o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.
Investimentos de empresas
Pelo lado da demanda, investimentos realizados por empresas para aumento de produção, medidos pela formação bruta de capital fixo (FBCF), saltaram 6,6%. Durante a recessão, o indicador havia mergulhado em trajetória de queda. A alta no terceiro trimestre foi a maior desde os últimos três meses de 2009, quando o avanço havia alcançado 7,1%.
Segundo o IBGE, o desempenho foi turbinado por alterações no Repetro, programa de incentivos destinado à indústria de petróleo e gás. Com as novas regras, houve a suspensão da cobrança de tributos na importação de equipamentos como plataformas. Isso permitiu que bens em atividade, antes registrados no Exterior, fossem cadastrados no Brasil – onde já operavam – como importações.
Embora tenham dado impulso positivo, as mudanças no setor de óleo e gás não explicam todo o avanço dos investimentos privados, diz a técnica do IBGE Amanda Tavares. Segundo a analista, sem as mudanças no Repetro, o indicador de FBCF já teria apresentado alta, mas em nível inferior.
– Os investimentos dentro das empresas estão mais voltados para modernização, com foco em redução de custos e aumento de competitividade. Grandes aportes ainda estão engavetados – acrescenta Cagnin.
Consumo das famílias
Além dos investimentos de companhias, o consumo das famílias também avançou no terceiro trimestre, com alta de 0,6%. Para Amanda, o resultado pode ser explicado pela "conjuntura mais favorável" às compras, causada por fatores como a melhora nas condições de crédito. Segundo a analista, o crescimento também guarda relação com a base combalida de comparação – no segundo semestre, a greve dos caminhoneiros derrubou negócios do comércio e de serviços.
O IBGE ainda informou que o consumo do governo avançou 0,3% entre julho e setembro. As exportações subiram 6,7%, e as importações, 10,2%.