Além do crescimento na comparação tradicional, a divulgação do PIB trouxe a tabela principal com todos os quadradinhos com dados positivos. Lindo de ver, mas lembre-se que a base de comparação tem a greve das caminhoneiros. Atingimos o maior nível de PIB desde o segundo trimestre de 2015, lembrando que a crise econômica começou em 2013.
- Junho até teve um crescimento, mas a maior parte da recuperação após a paralisação no país foi ao longo do terceiro trimestre mesmo - pondera o economista João Fernandes, da Quantitas.
O IBGE divulgou nesta sexta-feira (30) o desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre. Veio bem dentro do esperado pelo mercado, com avanço de 0,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
No acumulado de 12 meses, o crescimentou foi de 1,4%. Segundo o último relatório Focus, do Banco Central, o mercado está projetando avanço de 1,3% no PIB no fechamento de 2018.
Destaque para o desempenho do setor de serviços, que o próprio IBGE chamou a atenção na análise. Demorou para sentir a crise, mas quando veio, foi com força e a retomada estava difícil. Preocupava já que tem o maior peso na economia brasileira.
- Apesar de a agropecuária ter apresentado o maior crescimento, foram os serviços que mais influenciaram a taxa, já que são o setor de maior peso no PIB - explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Todas as atividades de serviços cresceram entre o segundo e o terceiro trimestre, com destaque para transporte, armazenagem e correio, que tiveram alta de 2,6%. Claro que há o efeito de compensação da greve dos caminhoneiros, ocorrida no segundo trimestre. Mas o consumo das famílias cresceu, o que também teve impacto no comércio.
- O crescimento mais forte do setor de transporte se deve à base de comparação baixa no segundo trimestre, por conta da greve dos caminhoneiros. Houve a devolução de todas as perdas, de modo que a atividade do segmento no terceiro trimestre é 0,9% superior a do primeiro, ou seja, antes da paralisação - detalha o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.
Um dos queridinhos da coluna no cálculo do PIB é o indicador de investimento privado. É chamado de Formação Bruta de Capital Fixo e aponta tendência, já que mostra a aposta das empresas em modernizar e ampliar seus negócios. Pois o FBCF avançou 6,6%. Crescimento ainda maior na comparação com o mesmo período do ano passado:
"A Formação Bruta de Capital Fixo teve variação positiva de 7,8% no terceiro trimestre de 2018. A magnitude deste avanço é justificada pela incorporação de bens destinados à indústria de óleo e gás decorrente de modificações no regime REPETRO" - diz o comunicado do IBGE.
A influência do Repetro é uma ponderação do economista da Quantitas, João Fernandes. No entanto, ele faz a ressalva de que, mesmo sem a mudança, o investimento teria crescimento.
- Ficaria menos intenso, claro. Acredito que em torno de 1% - conclui.