Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
Ando pelas ruas limpas e seguras e pergunto para todo tipo de gente: o que esse país tem de errado? As respostas demoram. E quando surgem, fazem referências ao trânsito, salários baixos, o tal time de futebol.
Infelizmente não estou falando do Brasil, onde viriam respostas voltadas para a violência, a corrupção, a baixa qualidade do ensino e da saúde pública.
Estou em Portugal, onde vim participar do Web Summit, um evento de inovação, empreendedorismo e tecnologia, que reuniu esta semana 70 mil pessoas de 159 países. Aqui estavam 1,2 mil palestrantes, empreendedores, investidores, cientistas, 1,8 mil startups, governos de muitos países, marcas como Google, Amazon, IBM, Microsoft, BMW, VW, SAP, Samsung, Shell, entre centenas de nomes conhecidos.
Todos conversando sobre sustentabilidade, inteligência artificial, robótica, ética, big data, fintechs, cidades, business inteligence, data science, cloud infrastructure, futuro do trabalho, moedas digitais, design, games, desenvolvimento, conteúdos, segurança cibernética, mídias sociais, direitos humanos e muito mais. Para que esse evento seja realizado aqui por mais 10 anos (até 2028), Portugal investiu 110 milhões de euros (R$ 440 milhões), numa disputa na qual estavam Londres, Dubai, Berlim, Paris e Madri.
Já na abertura grandiosa do evento, uma batida diferente: objetividade, falas rápidas, sem protocolos enfadonhos. Além dos organizadores, falaram o secretário-geral das Nações Unidas (português), o primeiro ministro e o prefeito de Lisboa. Mesmo sendo de partidos diferentes, suas falas, em inglês fluente, foram no mesmo sentido: “Venham morar e investir em Portugal, um país aberto para o mundo, cosmopolita, que valoriza a liberdade, acredita na inovação como motor do progresso, que já tem a conexão das pessoas no seu DNA há 600 anos (desde a época dos descobrimentos). Portugal sempre foi um ponto de encontro entre pessoas e culturas, um hub para a migração, um motor para o comércio global, respeitando crenças, formas de vida, orientação sexual, igualdade de gênero, tolerância, o querer bem, o receber bem a todos. Aprendemos que só a liberdade permite a criatividade, a inovação tecnológica e o empreendedorismo. Queremos fazer de Lisboa a capital para a inovação, para quem quer empreender, sem discriminação, onde as pessoas falam entre si”.
Depois de tantas palestras, workshops, negociações, uma fala para emocionar. Aplaudido de pé o presidente de Portugal disse: “... a revolução digital vocês fizeram... O aquecimento global não é fake news... A educação digital é um ponto crucial. Digital é sobre liberdade, abertura, não à xenofobia, a favor do livre comércio, do multilateralismo... Vocês são os heróis precursores do futuro. Não esqueçam do resto da sociedade. Usem essa revolução para a paz. Ajudem a criar um mundo melhor”.
Portugal está preparado!