Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
Um enorme desafio surge para os gestores de pessoas nas empresas: como identificar, contratar, reter, gerenciar, otimizar a força de trabalho em tempos de mudanças rápidas? Quem fica, quem sai, quem entra e como integrar equipes? Como atrair os melhores, candidatos “não óbvios” ?
Muitas empresas estão usando big data, algoritmos e inteligência artificial para tomar as melhores decisões de pessoal. A Hitachi usa crachás inteligentes para identificar comportamentos e contribuir para a felicidade e performance das pessoas. GE, IBM e Visa desenvolvem ferramentas para analisar o histórico dos funcionários, buscando oportunidades dentro da empresa. Outras estão usando games, como o Fortnite para contratar. No game, cem jogadores lutam para sobreviver numa arena até sobrar um vivo. Esses novos instrumentos começam a colocar em cheque os antigos RHs, que usam currículos e entrevistas.
Há dois anos, Bob Kegan e Lisa Lahey, professores de Harvard, criaram a expressão DDO – Organizações Deliberadamente Desenvolvimentistas. São empresas que criam ambientes de aprendizado adaptativo. Como na natureza: ou nos adaptamos ao ambiente ou seremos extintos.
Uma das empresas que melhor se adapta é a americana de e-commerce NextJump. Sua missão é criar uma cultura onde o funcionário possa alcançar todo o seu potencial. Usam o slogan “mude o mundo, mudando a cultura onde você trabalha”. Eles praticam decisões descentralizadas, organizações planas, para permitir o aprendizado constante, flexibilidade e ciclos de feedback permanentes, desestimulando a mentira, o encobrimento de fraquezas, a gestão de aparências, mesmo que seja doloroso ouvir a verdade.
Na NextJump, os funcionários recebem posições de liderança desde o início da carreira, para melhorar a prática de tomada de decisões. Incentivam o reconhecimento e as recompensas, diminuindo a rotatividade e atraindo os melhores. Medem o grau de satisfação das pessoas e o seu desenvolvimento.
Se no passado as empresas investiam em prédios e equipamentos, hoje, além de informação, investem fortemente em pessoas. E as que melhor funcionam são as que dão mais liberdade a seus funcionários, num espírito de liderança inspiradora e não do exercício da autoridade. No momento pré-eleitoral que estamos, vale lembrar que o futuro aponta para um espírito criativo horizontal, que respeita as diferenças e desenvolve potenciais, incentiva o desenvolvimento e não o medo e a punição. E isso serve tanto para as empresas de sucesso quanto para governos. Enquanto os modelos verticais estão ruindo, a tendência é sermos mais horizontais, criativos e democráticos.