Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
Há pouco tempo, quem tinha 40 anos era considerado velho. Chegávamos nesta fase da vida olhando para o retrovisor sem olhar muito para o horizonte. Vivíamos a crise de autenticidade de uma vida que tinha passado. Hoje, temos uma oportunidade diferente: podemos olhar o quanto fomos autênticos até os 40 anos, olhar para o horizonte e escolher novos rumos, agora mais seguros de quem somos e menos impactados por aquilo que os outros querem de nós.
Hoje, mulheres escolhem ter filhos mais tarde, muitos começam novo projeto de vida e empresários iniciam negócios aos 60 anos, iniciativas mais alinhadas com novos propósitos de vida. Com a evolução da medicina, dos cuidados alimentares e com o corpo, temos uma média de vida em torno dos 80 anos. As próximas gerações viverão mais de cem e alguns já falam em imortalidade!
Com isso, o novo desafio é a reinvenção constante. Empresas e profissões vão sumir, hábitos vão mudar, relações vão se transformar, novas necessidades humanas se multiplicando. O papel do trabalho na sociedade precisa se abrir para os novos desafios, com ambientes mais autênticos, fluidos e desapegados.
Cada vez mais pessoas decidem trocar carreiras em grandes corporações por estruturas menores, menos burocráticas. Buscam vidas mais simples, trabalhos mais prazerosos, conectando seu propósito pessoal com o propósito coletivo. É essencial saber a hora de renovar o ciclo: o que realmente quero e gosto de fazer? O que não quero mais fazer, com que tipo de comportamentos não quero mais conviver? Como lidar com as inseguranças que surgem, com a perda de estrutura, de remuneração fixa, do sobrenome corporativo?
Precisamos não idealizar situações, surfar um pouco no incontrolável da vida. Deixar a mente tranquila e buscar novos rumos, encontrando novas relações, que funcionam mais pela intuição do que pela razão. E abrir um fluxo contínuo de aprendizado, colocando-se mais em uma posição de aprendiz na vida do que de professor, valorizando a curiosidade perdida na infância e a simplicidade do viver, além de nos aproximarmos das novas tecnologias e que podem potencializar nossos talentos.
É fundamental prestar atenção a como estamos nos sentindo, qual o nosso papel no mundo, que vai muito além da profissão, pois nossa vida é muito maior do que isso.