Há tempos, uma inquietação tomava conta de um grupo de executivos da Serra: como atender às necessidades que surgem, dia a dia, na empresa? Conversando, descobriram que as dificuldades eram a mesmas. Como resolver?
– Por que não nos agrupamos e começamos a trabalhar juntos? – alguém sugeriu.
Há três meses, resolveu colocar a mão na massa e pensar em um projeto que pudesse solucionar os problemas. Mapeou as demandas de cada empresa e com a ajuda da ACE, aceleradora de startups de São Paulo, elaborou um plano. Nesta quinta-feira (18), o projeto Hélice – Movimento pela Inovação foi apresentado à comunidade e promete ser um marco na economia local.
Impulsionado pelas empresas Florense, Marcopolo, Randon e Soprano, em parceria com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) e com o apoio de entidades, poder público e academia, o Hélice busca desenvolver um ambiente de soluções inovadoras ligadas a startups.
– Nós sabíamos que tínhamos boas competências nas quatro empresas, e por que não usar essas competências em abundância para formar um grupo de trabalho para que a gente pudesse entender melhor e aprofundar juntos na economia digital? – diz Paulo Gehlen, da Soprano, um dos integrantes.
Entre as atividades previstas, está a realização de quatro workshops – o primeiro será na próxima terça-feira – para capacitar a comunidade, estimular a criação de startups locais e qualificar as já existentes.
O objetivo, ao longo dos próximos meses, é identificar startups capazes de atender às demandas das quatro empresas. O projeto tem como uma das metas ter uma startup para cada tema considerado "dificuldade" pelos idealizadores – e que irá trabalhar (a startup) de forma combinada para todos.
– É um projeto que está iniciando, a gente quer dar passos sólidos, sem pressa. Não conhecemos essa economia, mas acreditamos que podemos coexistir com a economia tradicional que temos. Não vamos deixar de fazer o nosso dia a dia para partir para esse processo somente de inovação. A gente vai criar uma empresa ambidestra, que reconhece sua capacidade, o que a trouxe até o momento, mas também enxerga um futuro de inovação e tecnologia – destaca Gehlen.
Movimento em conjunto
O nome Hélice foi escolhido por trazer conceitos que estão aderentes à proposta do movimento. Em uma hélice, todas as pás possuem a mesma importância e saem do mesmo centro – ou seja, o protagonismo é coletivo. Ao se moverem em conjunto, causam transformação, inovam e criam uma força nova.
Além disso, a geração de vento também remete à renovação, abundância, sustentabilidade.
Quem faz o projeto
Além da idealização de Florense, Marcopolo, Randon e Soprano e o apoio do Simecs, integram a Hélice o Sindicato das Empresas de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Sistema Fiergs, Acelera Serra, Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), FSG Centro Universitário, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Centro Empresarial de Flores da Cunha, Uniftec Centro Universitário, Prefeitura de Caxias do Sul, Aceleratech e OCA Brasil Coworking Hub.
Como funciona
A primeira fase é a realização dos workshops para estímulo à criação de startups. Paralelo a isso, as quatro empresas irão identificar startups capazes de resolver as dificuldades detectadas ainda durante a fase de elaboração do projeto.
Em fevereiro, deve ser apresentado o primeiro case com o intuito de mostrar que vale a pena trabalhar em colaboração. A ideia é que a partir da apresentação do case, em fevereiro, o projeto se abra para agregar novas empresas, independente do porte.
Estado vizinho é um exemplo
Uma das referências do projeto Hélice é o trabalho desenvolvido pela Fundação Certi (Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras). Sediada em Florianópolis, Santa Catarina, a entidade criada em 1984 reúne universidade, empresas públicas e privadas e órgãos dos governos federal e estadual.
A Certi nasceu direcionada para a pesquisa tecnológica aplicada. Ela é composta por oito Centros de Referência, que atuam com foco em reconhecidas competências geradoras de soluções tecnológicas inovadoras para a sociedade e o mercado brasileiro.
Chance para as startups se apresentarem
Durante os meses de elaboração do projeto, quatro áreas foram definidas como prioritárias: logística, recursos humanos, marketing e industrial. Quatro comitês, com representes de cada empresa, foram criados para detalhar as dificuldades enfrentadas. O período de realização dos workshops será uma oportunidade para que novas startups, ou as já existentes, se apresentem.
O último workshop está previsto para março, mas a ideia é que antes, em fevereiro, já se apresente um case que mostre a importância do trabalho em conjunto para a solução de problemas em comum.
– Sem arrogância, a gente pretende, de fato, estabelecer na região uma referência brasileira em tecnologia e inovação, através de desenvolvimento de universidades, de empresas, de startups e que, a partir desse trabalho de educação, interação e participação conjunta, a gente consiga ser uma referência brasileira em tecnologia e inovação _ ressalta Paulo Gehlen.
Workshops
A partir de terça-feira (23), a Hélice promove, gratuitamente, workshops para estimular o surgimento de startups ou contribuir com aquelas que já estão em atividade:
Mentoria 1
- Validação e Prototipação
-Quando: 23 de outubro, das 10h às 17h
- Onde: FSG Centro Universitário (Rua Marechal Floriano, 1.229, bairro São Pelegrino), em Caxias do Sul
- Inscrições: pelo Sympla, neste link
Mentoria 2
- Mundo Exponencial: serão tratados os principais pensamentos que fazem do Vale do Silício a região mais inovadora do mundo e uma janela para o futuro. Conceitos aprofundados de Lean Startup estarão na pauta.
- Quando: 23 de novembro
Mentoria 3
- Crescimento: o foco será no crescimento, possibilitando o auxílio em aspectos mercadológicos e de métodos ágeis. Temas como máquina de vendas, canais de aquisição, growth hackng, customer sucess, marketing digital, inbound e outbound.
- Quando: 14 de fevereiro
Mentoria 4
- Gestão, pessoas e investimento: preparar a startup para receber investimento, o processo de traçar a visão da startup, sistema de gestão por meio de métricas, recrutamento e seleção de pessoas, relacionamento com investidores e fundraising.
- Quando: 15 de março