Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
O que só era usado por pessoas, pequenas empresas e startups sem dinheiro para investir e viabilizar as ideias, agora despertou o interesse de grandes empresas e marcas.
Falo de crowdfunding que, em uma tradução livre, significa financiamento pela multidão ou financiamento coletivo. É uma forma de investimento em que várias pessoas podem investir pequenas quantias de dinheiro, geralmente via internet, a fim de dar vida a uma ideia ou um negócio.
No Brasil, as plataformas mais conhecidas são Vakinha, Catarse, Padrim, Benfeitorias, Juntos.com.vc (mais focada em projetos sociais) e Queremos. Lá fora, Indiegogo e Kickstarter são as mais requisitadas.
Pois agora, grandes empresas que fabricam detergentes, games, eletrônicos, roupas, brinquedos e bebidas, que não precisam de dinheiro para viabilizar a produção deles, estão usando essas plataformas para o marketing.
Usam o crowdfunding para validar ideias de novos produtos, expandir categorias e configurações, testar até que preço o consumidor está disposto a pagar, testar parcerias, vendas casadas de produtos que poderiam se complementar. Ou testar a demanda de um produto antes de ir para o mercado. Ainda podem verificar quão atraente o produto é e se existe necessidade de fato daquele produto. Se a empresa tem dúvidas sobre as características (cores, dimensões, configurações) que o produto ou a ideia devem ter, põe na plataforma e vê o que acontece, o que funciona mais, o que desperta mais interesse do futuro consumidor.
Uma dessas empresas que tem usado o crowdfunding para testes é a Lego. Recentemente, acionou seus clientes pela Indiegogo e conseguiu 10 mil propostas. A melhor ideia vai ser produzida e o criador vai receber 1% dos royalties das vendas.
Outra marca que está se valendo do crowdfunding é a Johnnie Walker. Sua agência de estratégia, a Fahrenheit 212, de Nova Iorque, sugeriu a customização em massa. Testaram na Indiegogo e, hoje, o cliente pode fazer seu próprio whisky, desenhar e personalizar desde a caixa e o rótulo até o sabor, sob medida. Ideias vindas pela plataforma.
Ao usar de forma criativa as plataformas que, até pouco tempo, só eram utilizadas para obter financiamento, marcas importantes recebem feedbacks em tempo real e a custos muito baixos, antes de investir na produção em massa do produto.
Além de tudo, conseguem apoiadores para suas ideias e produtos e quem participou, opinou, sugeriu, se sente um pouco dono. E quer comprar o produto que ajudou a criar.