Na reta final da campanha, o Rio Grande do Sul destaca-se pela qualidade dos debates entre os candidatos ao Piratini que disputam o cargo em segundo turno, sem os excessos da polarização que marcam o cenário nacional e sem os exageros registrados em outras regiões do país. Isso ocorre porque ambos os candidatos, além de se mostrarem qualificados para ocupar o cargo, convergem em questões fundamentais para o futuro do Estado. Entre as prioridades, estão as políticas de privatização, concessões e parcerias público-privadas (PPPs), além do fortalecimento da segurança, recuperação da educação e apoio ao plano de recuperação fiscal.
As diferenças, como a campanha vem demonstrando e as entrevistas publicadas ontem em Zero Hora ratificam, estão mais no estilo e na personalidade. Essas particularidades comprovam o fato de o eleitor gaúcho desejar claramente a redução do tamanho do Estado e a liberação de forças econômicas que possam devolver o Rio Grande do Sul ao caminho do desenvolvimento.
A ida para o segundo turno de dois candidatos com concepções similares, deixando de lado, pela primeira vez no século, políticos que defendem mais intervenção estatal, indica uma profunda mudança no espírito do eleitor gaúcho. Desde já, está clara a disposição do eleitorado de apoiar a modernização e o redimensionamento do Estado e de rejeitar forças que consideravam o setor público intocável quanto à necessidade de ajustes.
Devido a equívocos gerenciais que foram se acumulando em sucessivas administrações, o Rio Grande do Sul vem há algum tempo com o setor público estagnado. Em consequência, não consegue sequer manter a folha salarial dos servidores em dia, muito menos oferecer um padrão de qualidade mínimo em serviços essenciais. Os resultados são percebidos no cotidiano pelos cidadãos, particularmente entre os que dependem mais de assistência do setor público. Ao mesmo tempo, já se refletem nos índices de qualidade de vida dos gaúchos, que até pouco tempo consistiam numa das vantagens competitivas do Estado.
Espera-se agora que, seja quem for o eleito, a Assembleia entenda esse desejo do eleitor e apoie decisivamente a reformulação do papel e do tamanho do governo na vida dos gaúchos. O Rio Grande do Sul precisa deixar a estagnação no setor público para trás e criar as condições para a retomada do crescimento na iniciativa privada.