O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
O governo que Sebastião Melo começará na próxima quarta-feira (1º) tem potencial para inaugurar um novo ciclo de investimentos na história recente de em Porto Alegre. Com cerca de R$ 4 bilhões liberados entre financiamentos internacionais e contrapartidas da prefeitura, haverá recursos disponíveis para qualificar a infraestrutura, o desenvolvimento social e a revitalização da cidade.
Da recuperação do Centro Histórico à drenagem, passando pelo patrimônio histórico e por obras em escolas e postos de saúde, o dinheiro buscado no Exterior é equivalente a oito vezes o investimento anual da prefeitura. O montante ainda será acrescido com operações de créditos com bancos nacionais, cujas tratativas estão em andamento, e a concessão do Dmae, que renderá recursos de outorga reservados para obras de drenagem.
Com tamanho recurso disponível, Melo promete desde a campanha uma gestão superior à atual. Nas conversas da transição, tem deixado claro que cobrará mais resultados e que tende a ser mais rápido na troca de titulares em pastas nas quais o desempenho for insatisfatório.
A principal preocupação do prefeito e de seus auxiliares é como compatibilizar a exigência com a divisão de espaços com os partidos políticos, ansiosos para emplacar seus indicados em funções de destaque na prefeitura. Esse fator amplia a demora para a formação da equipe: de 32 secretarias e autarquias, apenas 15 haviam sido definidas até este domingo (30), enquanto a renovação do segundo e terceiro escalão ficará para 2025.
Entre os 11 partidos governistas, dos quais nove com representação na Câmara, há insatisfação com a morosidade da transição. Melo diz que o governo é de continuidade e que não há problema em começar o ano sem todas as peças no tabuleiro.
A despeito da distribuição de cargos em nome da governabilidade, o prefeito escalou dois homens de sua confiança para postos-chave do governo. Cezar Schirmer será mantido na Secretaria do Planejamento, responsável por gerenciar os recursos bilionários que chegarão aos cofres municipais, e André Coronel vai chefiar a Secretaria de Governo. A pasta, que será criada na reforma administrativa, funcionará como uma espécie de Casa Civil municipal, interagindo com todas as secretarias e resolvendo problemas antes que cheguem à mesa de Melo.
Aliás
Para além dos efeitos no cotidiano da cidade, o desempenho da gestão será decisivo tanto para a sucessão municipal quanto para o futuro político de Melo. Ele garante que não renunciará para concorrer em 2026, mas, se deixar o Paço Municipal bem avaliado, poderá usar o governo como vitrine para 2030.
Na mira
Após confirmar Giuseppe Riesgo na Secretaria de Parcerias do governo Melo, o Novo tenta emplacar Júlia Zardo como adjunta na pasta de Meio Ambiente e Urbanismo.
Primeira suplente do partido na Câmara, Júlia é formada em Arquitetura e Urbanismo.
Passo para a direita
O empoderamento do PL e o ingresso do Partido Novo apontam que o segundo governo Melo estará, ideologicamente, alguns passos à direita do primeiro.