Por Ricardo Hingel, economista
No artigo anterior, comentei sobre a histórica baixa taxa de investimento como uma das raízes do crescimento brasileiro se dar abaixo de países comparáveis. Se PIB, resumidamente, é tudo o que se produz, a capacidade de produção decorrerá sempre do capital investido.
Em economia, chama-se Formação Bruta de Capital Fixo tudo aquilo que é investido. Quanto mais capital alocado, maior será o potencial de produção e a capacidade de crescimento, logo, o desenvolvimento econômico derivará basicamente da realização de continuados investimentos.
Quando se divide a Formação Bruta de Capital pelo PIB, temos a taxa de investimento. É evidente que quanto maior a taxa de investimento, maior será a capacidade de produção; se você tiver uma empresa, sabe que, se não investir, sua capacidade de produção ficará limitada e, se investir, poderá aumentar suas vendas.
O somatório de investimentos de uma nação define seu desenvolvimento e sua capacidade de crescer. Olhando o mundo, em 20 anos, a taxa de investimento médio foi de 24,5%, enquanto no Brasil foi de 18,7% e a diferença entre nosso crescimento médio de 2,4% anuais e o mundial de 3,8% começa a se explicar por aí.
Grave é que, quando falamos em economias emergentes e desenvolvidas, um dos fatores que as diferencia é o maior espaço para investimentos nas emergentes, que costumam oferecer maiores oportunidades de negócios, sendo que as mais maduras, por terem sua matriz econômica mais completa, geram menos oportunidades.
A visão do Brasil no Exterior é interessante, pois, apesar dos periódicos desarranjos que nossa economia se deu ao luxo de ter nas últimas décadas, permanece uma forte atração pelo país e, em especial, pelas oportunidades proporcionadas por nos constituirmos uma das principais economias emergentes do globo. Os investidores externos parecem mandar um recado ao Brasil: crie juízo que vamos para aí. Eles até têm vindo, vide bolsa de valores e investimentos externos diretos, porém muito aquém de nossas potencialidades e necessidades.
Nossa contradição é de que, exatamente por sermos uma economia emergente, deveríamos ter uma taxa de investimento superior à de grande parte dos países, e não o contrário, como nossa realidade demonstra.
Apenas para comprovar essa contradição, refiro aqui as taxas de investimento de algumas economias desenvolvidas e que são superiores à nossa: Estados Unidos, 20,9%, França, 22,5%, Alemanha, 20,1%, Canadá, 22,8%, e mesmo o Chile com 22,6% do PIB. E o tempo passa...
Ha! Não esquecendo que vamos fechar 2018 com uma taxa de investimento pouco acima de 16%, o que configurará 2018 como mais um ano de atraso.