Por Michel Gralha, advogado
A Copa do Mundo chegou ao fim e a expectativa do hexa ficará adormecida por mais quatro anos. Para alguns, nada a lamentar, para outros, frustração e tristeza. São as emoções do futebol, no país que tem nesse esporte motivo de orgulho e admiração. Parece até um sopro de alegria, no qual o mundo inteiro olha para os brasileiros como pessoas fortes e extremamente competitivas. Somos temidos e muito respeitados. Nosso talento serve de inspiração. No imaginário, nossas mazelas não são levadas em conta.
Por noventa minutos, parece até que somos uma nação de primeiro mundo, pujante e eficaz. Somos os grandes heróis dos emergentes. Até que vem o enfrentamento e descobrimos que talento sozinho não significa nada. Descobrimos que treinamento e liderança superam firula e irresponsabilidade tática. Que nem sempre nossos dons são suficientes para alcançarmos objetivos maiores. E por que não mudamos? E por que não avaliamos o que os outros fazem melhor do que nós e evoluímos? Tais questionamentos servem para tantas coisas, que o futebol é apenas um pretexto para debater o tema. No mundo atual, não há mais espaço para tantos improvisos. Precisamos culturalmente mudar nossa percepção sobre as coisas. Temos, mais uma vez, a oportunidade de aprender que cultura vitoriosa é feita com muito suor. Nesse sentido, a desclassificação prematura da nossa seleção é a prova de que, emocionalmente, mantemos expectativas altas sem pensar como fazer para alcançá-las.
O brasileiro é vítima da falta de investimento na sua formação. Convivemos com a triste realidade do despreparo, refletido, dentre inúmeros outros exemplos, em escolas precárias e o sonho irreal de um futuro melhor. Impossível! Não há tantos talentos suficientes para tamanho descaso. Mas fazer o quê? Desistir? Nem pensar! Será preciso continuar acreditando e, principalmente, buscando melhorar a sociedade. Se o talento é nato e para poucos, sejamos esforçados operários com a missão de melhorar o mundo ao nosso redor, porque só assim seremos verdadeiros campeões.