Por Igor Oliveira, consultor empresarial
Tenho o privilégio de conhecer pessoas que estão envolvidas em novas organizações políticas brasileiras. Algumas dessas organizações são apartidárias, outras são partidos emergentes (de diferentes matizes programáticas). Outras ainda interagem com vários partidos, apoiando candidaturas em diversos deles. Acompanho, portanto, as interações dessas pessoas nas mídias sociais e em conversas pontuais.
Percebo um traço comum: o preconceito que enfrentam por atuarem na política institucional. Entrou na política, perdeu a premissa da honestidade. Meu ponto aqui não é, de maneira nenhuma, reforçar esse estereótipo, que considero rasteiro. Valorizo todo tipo de experiência política, mesmo que não concorde com o discurso.
Faço, entretanto, um apelo para que pensem adaptativamente, na linha do que propôs C. S. Holling, grande nome da ciência da complexidade. Ao intervir em sistemas complexos (como o sistema político), por vezes, temos a impressão de estar inovando, porém, estamos reforçando velhos mecanismos e deixando-os ainda mais resistentes. Precisamos sempre checar se a mudança que estamos propondo não reforça estruturas que, se destruídas, permitiriam o florescimento de novos instrumentos melhores do que os atuais.
A narrativa da renovação, por exemplo, não é nova na política brasileira. Portanto, ser novo na política não é critério suficiente para apontar melhores candidatos e agremiações. Outro discurso frequente é o da honestidade, mas ficha limpa de quem tem pouca experiência não garante capacidade do candidato.
Os grandes partidos atuais também surgiram de nobres intenções. Para ultrapassá-los, é preciso propor mudanças no sistema de incentivos. Reformas institucionais que perdurem, não importa quem assuma o poder. Costurar acordos que mudem a vida de vários grupos sociais ao mesmo tempo, gerando benefício coletivo. Ou, melhor ainda, nutrir novos modelos de governança e democracia que, de tão pequenos, hoje são invisíveis. Deles pode florescer uma política inteiramente nova.
