É lamentável que, até agora, as autoridades não tenham chegado a uma conclusão definitiva sobre a origem do maior surto de toxoplasmose do Brasil. A entrevista no programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, em que o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, apontou a água como responsável em Santa Maria não ajudou. Fontes de água costumam estar na origem de casos semelhantes. Ainda assim, é importante evitar precipitações que, nesse momento particularmente tenso e delicado, podem estimular uma parcela de gaúchos hoje mais exposta à doença a se descuidar de providências essenciais de prevenção. Isso só contribuiria para agravar ainda mais um problema que é sério e inquieta a todos.
Conscientes de que o momento se presta mais para esclarecimento com base em informações precisas, e não para pânico, organismos de saúde e o próprio ministério se apressaram em divulgar comunicados que não endossam a fala do ministro. O único fato concreto, porém, é que as dúvidas em relação à presença ou não na água do DNA de Toxoplasma gondii, o agente causador da doença, se mantêm. Dois meses depois do início da confirmação do surto no Estado, a população segue às escuras sobre a causa, e vem sendo submetida a uma confusão de dados e a declarações divergentes.
Diante de tantas incertezas, o certo é que as pessoas precisam se proteger, seguindo as recomendações básicas de prevenção. É dever de todos, incluindo o poder público, reforçar aos gaúchos a necessidade de persistirem em cuidados básicos, como manter as mãos limpas, cozinhar bem os alimentos e ferver a água para consumo. Ao poder público, cabe assegurar, no devido tempo, o acesso aos medicamentos necessários e ao tratamento recomendado.
O surto de toxoplasmose desafia as autoridades responsáveis da área da saúde a se entenderem sobre a causa e o combate ao que já é um dos maiores dramas sanitários da história recente no Estado. Diante da gravidade assumida pelo problema, é importante também que seu enfrentamento possa superar entraves como os impostos pela burocracia, permitindo maior celeridade na adoção de providências. Só haverá avanços na rapidez necessária com maior integração entre técnicos de diferentes instâncias da federação, sem qualquer margem para divisionismos em relação a um desafio que precisa ser enfrentado com a união de todos.