Em meio às informações desencontradas entre autoridades, a preocupação dos infectologistas de Santa Maria é de que a população não mude a sua postura de prevenção à toxoplasmose.
Nesta quinta-feira (21), em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, surpreendeu autoridades municipais e a Secretaria Estadual da Saúde ao afirmar que a água é a causa do surto na cidade, contrariando técnicos do próprio ministério que, na segunda-feira, deixaram Santa Maria sem precisar a origem da doença.
— Isso vai fazendo as pessoas deixarem dar credibilidade a tudo que estão ouvindo. Beira a falta de respeito com a comunidade e com as pessoas que trabalham em volta do problema – declara a médica infectologista Jane Costa.
Infectologista da prefeitura, Paula Martinez faz coro à afirmação, mas ressalta a necessidade de prevenção e tratamento independentemente do noticiário político:
— Não se sabe no que o ministro se baseou para fazer a declaração. A gente não quer fazer a população ter pânico. A conduta, independentemente do que foi dito, é: se o paciente fizer febre por qualquer motivo, ele deve procurar o médio. Se nunca sentiu, não tem por quê — afirma Paula.
No quesito prevenção, recomenda-se que, por tempo indeterminado, a população de Santa Maria ferva a água antes de beber e evite carnes malpassadas. Recomenda-se também lavar bem ou cozer vegetais antes do consumo. A infectologista, por ora, acredita que o município está conseguindo sensibilizar a população.
— A gente viu a taxa de notificações da doença caindo — declara Paula, sinalizando que as pessoas estão se resguardando mais desde o começo do surto e que isso precisa ser mantido a longo prazo, dado a origem incerta do problema.
Jane salienta que, passado tanto tempo do início do surto e frente ao número amplo de casos confirmados (569, conforme o último boletim semanal, além de 312 em investigação), há atitudes mais efetivas que as autoridades podem fazer para ajudar no combate ao problema do que focar esforços em encontrar a origem:
— Se o ministro quer ajudar, o que ele deve fazer é liberar dinheiro. Dinheiro para os testes de avidez para confirmação dos casos e monitoramento do surto e dinheiro para garantir acesso amplo a tratamento. Vai ser preciso — resume.