A reportagem do caderno DOC do último fim de semana afirma que somos peritos do erro! Gostaria de contribuir com algumas reflexões que nos levariam a uma melhor compreensão desse fenômeno, que não é brasileiro, e sim humano.
Vários estudiosos da mente humana, como o mestre Freud e muitos seguidores, tentaram compreender como os fatos são registrados em nossa mente!
O ponto de observação e as conclusões sobre o que seja verdade podem variar
O que é verdade?
O saber sobre alguma coisa constitui uma interpretação pessoal sobre essa coisa, supõe, portanto, uma transformação equivalente à do artista que pinta. Na arte, a natureza, número e condições de todas as variantes alteram-se conforme o artista, o grupo de artistas e a época a que pertence. Daí os mais variados movimentos artísticos.
O sentido impresso à realidade varia muito conforme as pré-concepções. Portanto, o ponto de observação e as conclusões sobre o que seja verdade podem variar.
Embora se acredite que o contato emocional seja "mais verdadeiro" ou "inteiro" que o racional, Bion (1984) coloca o amor, o ódio e o conhecimento sob o mesmo rótulo: vínculos. A ideia de vínculo sugere dualidade e, portanto, distância. É a expressão de um vínculo entre um sujeito e o objeto de conhecimento, entre a pré-concepção e a realização entre o "é" e "não é". Todos os sentimentos, memórias, desejos, conhecimentos funcionam com uma ponte que une o sujeito e o objeto, entre o ser humano e o fato.
A psicanálise busca aproximar essas distâncias.
A verdade é apaziguadora, confortante e acalma a mente. A não verdade é o contrário de tudo isso! O trabalho terapêutico é, portanto, serenar, para assim "ver" melhor tanto as emoções quanto a realidade.
E o que faz sermos mais ou menos influenciáveis?
Quanto mais próximos conseguirmos chegar da nossa verdade, das nossas incertezas e angústias, menos seremos afetados por influências distorcidas.
A série de TV citada pelo colunista Paulo Germano, The Push, que cria experimentos para mostrar a manipulação e a influência das pessoas, corrobora a ideia de que capacidade, segurança e autoconhecimento vão nos tornar menos vulneráveis.