Por milhares de gerações, a humanidade viveu em grupos, caçando apenas o que era necessário para o sustento do bando. Certo dia, alguém percebeu que, se bem lapidada, a pedra poderia se transformar em ferramenta e tornar o processo mais eficiente. Com mais instrumentos e mais pessoas cooperando, desenvolveram-se técnicas de irrigação e colheita, mais alimento era produzido, mais pessoas nasciam, criando organizações mais complexas. Essas organizações nos levaram à agricultura, aos impérios militares, à revolução industrial. Séculos depois, aqueles pequenos grupos se transformaram em nações.
Assim como no desenvolvimento da humanidade, os negócios também passam por estágios de crescimento: começam como famílias, se tornam tribos, vilas, cidades e nações. A esse arquétipo é dado o nome de Blitzscaling, termo cunhado por Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, para explicar a trajetória de negócios que conseguem acelerar seu crescimento, criando massivamente novos empregos e transformando a economia.
Cada fase reserva desafios específicos, que precisam ser gerenciados pelo empreendedor de forma consistente para avançar à próxima etapa. A empresa gaúcha Nelógica, por exemplo, nasceu do sonho de dois sócios de democratizar o uso da alta tecnologia para investidores. O principal desafio, no início, era desenvolver um produto que atendesse às necessidades do mercado e, durante os primeiros anos do negócio, esse foi o foco. Quando encontraram uma proposta de valor aderente e conquistaram mais clientes, os sócios passaram a sentir os desafios do estágio de tribo, marcado pela gestão de capital para crescer e vencer a concorrência. Com as bases fundamentais do negócio já preparadas, chega o momento de focar em escalar. Na fase de vila, as contratações aceleram e as pessoas já não cabem em uma única sala. É hora de se preocupar com a manutenção da cultura organizacional.
É um grande esforço levar uma família de dois fundadores a se tornar uma tribo de dezenas de pessoas, e mais ainda, uma vila de centenas. Não existe uma regra que funcione para todas as empresas, mas focar em resolver os desafios prioritários tem sido um padrão entre os negócios que conseguem ir mais longe.
Foco é a palavra-chave. Não iríamos da idade da pedra à Lua tentando resolver todos os problemas de uma vez, assim como um negócio só terá impacto de nação se souber reconhecer os desafios mais críticos e enfrentá-los no tempo certo.