Na semana passada tive o privilégio de participar de um encontro com o professor Josep Pique, no Global Tecnopuc. O professor Josep Pique é o presidente da International Association of Science Parks and Areas of Innovation e um dos responsáveis pela transformação de Barcelona e Medellín em cidades inovadoras na Europa e na América Latina. No evento, diante do prefeito, de vereadores, entidades, empresários e incubadoras de startups, veio a pergunta: o que quer ser Porto Alegre no mundo?
Será que temos esta resposta? Não apenas como vontade do prefeito, mas como decisão de toda a cidade? Se não temos, como é que podemos querer chegar a algum lugar, ao longo do tempo? Como poderemos orientar nossas decisões?
Josep Pique colocou questões e conceitos que fazem pensar a respeito do caminho que nossa cidade deveria tomar para trilhar a rota da inovação. E, com isso, passar a ter um papel protagonista na construção do seu futuro, não ficando apenas a reboque dos fatalismos naturais de um mundo em mutação veloz e inexorável. Mas, para isso, é preciso ter uma leitura ecossistêmica da realidade e entender que global é mentalidade, não, geografia. Cada um de nós, como atores desta construção, precisa ser e agir como cidadão do mundo em Porto Alegre, e não apenas como um cidadão de Porto Alegre. O desafio é de conexão, de construir coisas juntos, de realmente se movimentar em conjunto. Está mais do que na hora de aprendermos a nos articularmos, integrarmos visão e esforços, realmente remar juntos – a exemplo de Santa Catarina, que há alguns anos avança em vários rankings nacionais de inovação graças, justamente, à capacidade de agir como Estado de um povo, e não apenas do governante da hora. O projeto de uma visão comum de cidade não deve ser obra de um governo, e, sim, de toda a coletividade. É preciso uma governança que ultrapasse mandatos.
Claro que temos muitos problemas. Mas Josep Pique foi cirúrgico: um problema não invalida soluções, o que invalida soluções é não entender o problema. Da mesma forma, inovação é um modelo mental, antes de ser uma questão financeira, de investimentos ou financiamentos. Inovação não é um problema de dimensão, mas de orientação e alinhamento. Se agirmos mais alinhados e integrados no presente, temos tudo para mudar o nosso futuro. A rota do conhecimento, da inovação e da criatividade é a única que pode transformar a cidade.