Você já refletiu por que dedica atenção a um conteúdo – seja de caráter jornalístico ou de entretenimento? O que prende sua atenção? O que a desvia? Quando você se conecta e se desconecta de um conteúdo? E por quê?
Todas essas perguntas têm relação com um dos bens mais preciosos de nossa era: o tempo. A tecnologia pode avançar sem limites, com 5G, 8k ou 1000 mega de internet, mas tudo esbarra num simples e imutável fato da vida: as 24 horas do dia não são elásticas, não ao menos sem comprometer a saúde. Então, é melhor que esse bem precioso seja despendido em algo que faça sentido em sua vida e a transforme positivamente, bem como a sociedade de uma forma geral.
Inquietação permanente é a bem-vinda e necessária matéria-prima que alimenta a renovação e o futuro da comunicação.
Tais reflexões fazem parte do pano de fundo de discussões no Conselho Editorial da RBS para manter em permanente evolução os chamados meios convencionais de comunicação – jornal, rádio e TV, que, apesar de profecias de décadas atrás, demonstram extraordinária resiliência e, cada um a seu modo, oferecem experiências únicas.
O caso do jornal, por exemplo. Em um mundo de informação e desinformação virtualmente infinitas, um produto jornalístico que tem início, meio e fim, além de definir claramente uma hierarquia noticiosa, proporciona uma imersão informativa confiável em meio aos caóticos oceanos das redes sociais, que tentam fisgar atenções a qualquer custo a fim de extrair dados do usuário.
Já o rádio, cujo desaparecimento foi profetizado na década de 40, se mostra um meio de enorme vitalidade. Duas explicações para o fenômeno, além da simplicidade de conexão. O rádio é o único meio consumido sem distrações enquanto se executam tarefas rotineiras, como lavar louça ou dirigir automóvel. E, sobretudo, ele conversa com o íntimo de cada ouvinte, criando uma relação de companheirismo.
A TV, por outro lado, continua como a grande janela de entretenimento e informação dos brasileiros. Mesmo que, como ocorre com jornais e rádios, as atenções sejam compartilhadas com suas extensões digitais, a TV aberta chega de graça a todos os cantos do Brasil, seguindo imbatível como meio de massa.
Nenhuma dessas considerações deve servir de conforto. Os chamados meios convencionais precisam se reinventar constantemente e aferir o tempo todo a sintonia com seus públicos. Deitar sobre louros do passado é o caminho certo para qualquer organização, jornalística ou não, perder a preciosa atenção. Inquietação permanente é a bem-vinda e necessária matéria-prima que alimenta a renovação e o futuro da comunicação.