José Galló, empresário e membro do Conselho Editorial da RBS
O consumidor – seja de uma loja ou de um meio de comunicação – aderiu ao mundo virtual muito mais rápido do que qualquer empresa. A expansão do acesso à internet e aos smartphones facilitou a digitalização de uma forma vertiginosa. Isso gerou uma expectativa nas pessoas de que as empresas acompanhassem na mesma velocidade seus hábitos de consumo no celular ou no computador. O usuário de um site como GZH, por exemplo, quer a informação imediata, com qualidade, fácil de encontrar.
Nesse cenário de transformação, é preciso que veículos de informação saibam acompanhar as mudanças no consumo de notícias
Como empresário do varejo, observo fenômeno semelhante na minha atividade. Mas também vejo que há um movimento pendular. Aparentemente, a digitalização e as redes sociais levaram muito longe o pêndulo das expectativas sobre o mundo virtual. E agora o pêndulo está se equilibrando. Sim, estamos todos na internet e nas mídias sociais. Mas queremos, também, aquilo que não é somente digital: o jornal impresso, o rádio, a televisão, ou a loja física. As coisas se complementam e se potencializam. Há uma sinergia.
O digital é algo de muita intensidade (muitas coisas ao mesmo tempo, excesso de informação, muito volume), e isso cria ansiedade, dúvidas e até insegurança. Nas redes sociais, por exemplo, não se sabe, naquela overdose de estímulos, o que é verdade e o que não é. Nesse excesso de conteúdo, marcas nas quais o consumidor confia dão segurança. Marcas que estão nas duas dimensões, a virtual e a não virtual, são um refúgio.
Nesse cenário de transformação, é preciso que veículos de informação saibam acompanhar as mudanças no consumo de notícias e entreguem o melhor dos dois mundos: instantaneidade, rapidez, agilidade e volume do digital, com curadoria, edição cuidada e completa dos jornais, telejornais ou programas de rádio. Um complementa o outro. Buscando sempre retratar os fatos e a verdade.
No comércio, sabemos que o consumidor procura também a loja física porque lhe dá segurança e confiabilidade. Posso comprar no e-commerce, mas a loja física me dá a sensação de que a empresa existe de fato. Muitos negócios nascidos no digital, inclusive, estão criando espaços físicos para o consumidor.
Na lei do pêndulo, que primeiro vai aos extremos e depois se equilibra, a mídia também se insere. O consumidor não quer nem somente o digital, nem somente o veículo tradicional. Quer o melhor dos dois mundos, de forma complementar. E isso assegurado por marcas fortes, confiáveis e com credibilidade, que são o porto seguro do leitor.