O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou nesta sexta-feira (2) as denúncias de fraude eleitoral como "uma armadilha" apoiada pelos Estados Unidos para justificar "um golpe de Estado" e agradeceu a Brasil, Colômbia e México por suas gestões em busca de um acordo político no país.
Maduro criticou o chefe da diplomacia da Casa Branca, Antony Blinken, por apoiar as acusações de fraude da oposição, após o funcionário americano afirmar na quinta-feira (1º), em um comunicado, que havia "evidência esmagadora" da vitória do opositor Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais do último domingo (28).
— Blinken se desespera em um gesto incomum na diplomacia americana e sai dizendo que eles têm os resultados. O que eles têm é a armadilha que tentaram impor — acrescentou em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros no palácio presidencial em Caracas.
Maduro e o presidente do parlamento, de maioria oficialista, Jorge Rodríguez, desconsideraram a validade das atas publicadas pela oposição em um site, mostrando documentos nos quais faltam assinaturas de testemunhas dos partidos políticos e dos operadores das máquinas utilizadas para a votação, exigidas no processo.
— Isso é puro lixo — disse Rodríguez.
Maduro agradeceu os esforços dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Colômbia, Gustavo Petro; e do México, Andrés Manuel López Obrador, em prol de um acordo político em meio a protestos da oposição que resultaram na morte de pelo menos 11 civis, segundo denúncias de organizações de direitos humanos, e mais de mil detidos.
— O presidente Lula, o presidente Petro e o presidente López Obrador estão trabalhando conjuntamente para que a Venezuela seja respeitada, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo. Agradeço-lhes, por toda a Venezuela, lhes agradeço — comentou o mandatário.
Os governos dos três países citados divulgaram nota conjunta na quinta-feira, em que cobram a divulgação das atas com os registros dos votos e defendem solução da crise venezuelana por "vias institucionais".
A autoridade eleitoral confirmou nesta sexta-feira (2), com 97% das atas revisadas, a reeleição de Maduro, com 52% dos votos contra 43% de González, candidato da aliança opositora Plataforma Unitária, após a inabilitação política de sua candidata original, María Corina Machado.
Maduro acusa Machado e González de promoverem atos de violência e um "golpe de Estado" com o apoio de Washington. Na quarta-feira (31), disse que ambos os líderes deveriam "estar atrás das grades".
O presidente considerou que a declaração de Blinken foi uma resposta "à tentativa soberana" do Brasil, Colômbia e México de "evitar danos".