A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, e a chancelaria do Uruguai seguiram os Estados Unidos e declararam, nesta sexta-feira (2), que o opositor Edmundo González Urrutia é o vencedor legítimo da eleição da Venezuela.
A declaração de Diana, no entanto, não foi feita em caráter oficial. Ela deu a declaração na rede social X e recebeu o endosso do presidente argentino Javier Milei, mas horas depois a chancelaria do país emitiu comunicado oficial sem reconhecer um vencedor.
O texto afirma que a chancelaria acompanha os fatos na Venezuela "para fazer uma declaração definitiva" e mantém, por enquanto, a posição anterior de não reconhecer a vitória de nenhum dos candidatos até que os fatos em torno do pleito sejam esclarecidos.
O posicionamento oficial da Argentina após as eleições foi de rejeição do resultado. "A República da Argentina foi um dos primeiros países a rejeitar e desconsiderar o resultado da eleição presidencial venezuelana em 28 de julho. As evidências coletadas até agora apenas confirmaram essa posição", diz o comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, por outro lado, afirmou, no início da tarde desta sexta-feira, que após cinco dias das eleições nenhuma prova foi apresentada para atestar a vitória de Nicolás Maduro, como o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) alegou. "Em paralelo, a oposição venezuelana tem realizado um trabalho louvável de coleta de mais de 80% de atas de escrutínio sem que tenha sido refutada a sua veracidade", diz o texto. "Surge, com total enérgica, que o candidato Edmundo González Urrutia foi o candidato à presidência que recebeu a maioria dos votos", completa.
A declaração foi semelhante à dos Estados Unidos, primeiro país a defender oficialmente a vitória de González Urrutia, na quinta-feira (1º). "Dada a evidência esmagadora, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em comunicado.
O chefe da diplomacia dos EUA disse que os resultados anunciados pelo CNE, controlado pelo chavismo, são profundamente falhos e não representam a vontade do povo venezuelano. O CNE declarou o ditador Nicolás Maduro vencedor com 51,2% dos votos contra 44,2% de González, mas não apresentou os dados que comprovariam os resultados e a oposição afirma ter provas de fraude.
A nota destaca que o CNE continuou sem divulgar os dados, apesar do apelo da comunidade internacional, e que a missão de observadores do Centro Carter apontou irregularidades no processo.
A posição do Brasil
O Brasil segue sem reconhecer a vitória de nenhum dos candidatos e diz acompanhar com atenção o escrutínio dos votos na Venezuela. Em nota conjunta com o México e a Colômbia na quinta-feira, o governo brasileiro pediu por apuração imparcial e cobrou a divulgação dos dados das urnas, que comprovariam os resultados.
"Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação", diz a nota.